Trabalho de conclusão de curso de graduação
A guerra da argélia: a questão feminina de 1958 a 1962
Fecha
2023-07-04Autor
Costa, Jaqueline da Silva [UNIFESP]
Institución
Resumen
Tendo em vista que os paradigmas acerca das regiões que seguem a doutrina do Islã permanecem quase intactos desde sua formulação, o pouco tempo de contato que temos com essas regiões, seja por mídias ou até mesmo na academia, o preconceito predomina no imaginário sobre essas sociedades, partindo assim do pressuposto de que muitas das certezas que temos sobre esses povos não passam de um imaginário colonizador e missionário. Para além disso, é necessário ressaltar que as mulheres sempre são taxadas de “donzelas em perigo”.
Dado este panorama de preconceitos, é significativo investigar as mulheres argelinas de 1958 a 1964 analisando a atuação das mulheres argelinas na guerra. Para tanto, é necessário compreender o colonialismo francês na Argélia e os preconceitos existentes, como também é necessário entender a relação entre mulher e véu.
Realiza-se, então, uma pesquisa tendo como fontes primárias e principais as obras de Frantz Fanon “A Argélia se desvela” e “Os Condenados da Terra”, 1972 e 1965 respectivamente, ambos abordam o tema principal da pesquisa, que é a luta pela libertação da Argélia e a atuação das mulheres argelinas na guerra de 1958 a 1964. Além de ser uma bibliografia de grande valia, também pode ser considerada uma fonte primária tendo em vista que essas obras foram escritas no momento da luta pela libertação nacional por um militante ativo da causa.
Em segundo plano utilizaremos obras que conversam com os temas tratados dentro destes escritos, não apenas historiadores, tais como Gustavo Durão e Mustafa Yazbek, que tratam sobre colonização, Argélia, violência e Fanon, mas também trabalharemos com perspectivas distintas, como antropólogos, cientistas sociais e políticos, e críticos literários, como Lila Abu-Lughod e Maria Schouten.
Diante disso, verifica-se que a visão de que mulheres são “donzelas em perigo” e o homem branco é o salvador é perpetuada ainda hoje, no entanto, ao observar a guerra pela independência da Argélia podemos notar que essas mulheres, julgadas em perigo, agiram ativamente em toda a luta. Dado o exposto, podemos constatar que os preconceitos contra mulheres muçulmanas e negras continuam, mesmo depois de se mostrarem socialmente ativas e participativas em toda guerra de independência.