Trabalho de conclusão de curso de graduação
Artesãos em Bogotá (1832-1854): resistência e liberalização econômica na República da Nova Granada
Fecha
2023-07-13Registro en:
MARÇAL, Beatriz. Artesãos em Bogotá (1832-1854): resistência e liberalização econômica na República da Nova Granada. 2023. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em História) – Universidade Federal de São Paulo, Guarulhos, 2023.
Autor
Marçal, Beatriz Nascimento [UNIFESP]
Institución
Resumen
O presente trabalho tem como objetivo analisar a trajetória política e social dos artesãos em Bogotá entre 1832 e 1854, durante a institucionalização da República da Nova Granada, um período marcado pela liberalização do país em vista da consolidação da emancipação política e da superação dos aspectos coloniais. Neste contexto de disputas políticas entre as classes subalternas e a dominante, os artesãos e a elite crioula se organizaram em torno de seus projetos a fim de atingir seus objetivos em meio a construção do Estado. O projeto político e econômico implementado pela elite crioula nas primeiras décadas do século XIX visava a inserção do país no capitalismo mundial através da agroexportação, eliminação das tarifas alfandegárias e supressão das produções manufatureiras ao mesmo tempo que se pautava politicamente nos ideais nacionalistas de cidadania e igualdade jurídica. No entanto, esses esforços se traduziram como uma retórica eleitoral, considerando que a abolição da escravidão só ocorreu em 1851 e foram estabelecidas constitucionalmente diversas condições que restringiam o sufrágio e o reconhecimento social, portanto, excluindo grande parte da população. A trajetória dos artesãos em Bogotá representa uma luta política e social em torno da defesa de seus interesses econômicos com as produções internas, cidadania e participação política. O protagonismo dos artesãos remonta da independência do país e é fortalecido ao longo da primeira metade do século XIX, pois o setor influenciou gradativamente na opinião pública e nas eleições com a formação de sociedades que visavam o acesso à política institucional, a cidadania e a defesa da produção manufatureira através do protecionismo alfandegário e da manutenção das oficinas em meio a liberalização do país. Com isso, desenvolvimento do dinamismo social ocorreu com a formação de alianças e rompimentos entre os artesãos e a elite crioula de Bogotá de acordo com as insatisfações e tensões sociais, que ao longo das décadas de 1840 e 1850 acarretaram conflitos cada vez mais acentuados nos campos civil e militar até o golpe artesão-militar de 1854. The present paper aims to analyze the political and social impact of artisans in Bogotá between 1832 and 1854, during the establishment of the Republic of New Granada, a period marked by the economic liberalization of the country in order to achieve the consolidation of political independence and the overcoming of colonial structures. During this period many conflicts were initiated by the subaltern and dominant classes, in which the artisans and the Creole elite organized their projects to achieve their purposes. The political and economic program implemented by the Creole elite in the first decades of the 19th Century pursued the integration of the country into world capitalism by expanding agricultural exports, eliminating import tariffs, and destroying manufacturing production, while at the same time focusing politically on nationalist concepts of citizenship and juridical equality. However, these efforts were expressed as electoral rhetoric because the abolition of slavery didn’t occur until 1851 and several terms were constitutionally established to restrict suffrage and social recognition, thus excluding a large part of the population. The role of the artisans in Bogotá represents a political and social struggle around the protection of their economic interests with the national productions, citizenship, and political representation. The protagonism of the artisans comes from the country's independence and was reinforced throughout the first half of the 19th Century, as the artisans gradually influenced public opinion and elections after organizing societies to attain access to political institutions, citizenship and the defense of protectionism and the support of factories during the country's liberalization. As a result, social dynamism was developed based on alliances and disruptions between the artisans and the Creole elite of Bogotá under social tensions and disagreements, which over the course of the 1840s and 1850s led to escalating conflicts on the civilian and military fronts until the military-artisan takeover in 1854.