Dissertação
Intervenção precoce com crianças nascidas com a síndrome congênita do zika vírus: dinâmicas de regulação afetivo-semiótica construídas por profissionais de saúde
Fecha
2019-08-26Autor
Brito, Nara Jesus
Institución
Resumen
Entre os anos de 2015 e 2016, emergiu no Brasil uma epidemia de nascimentos de crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZV). Até o ano de 2018, foram contabilizadas 3.279 crianças com esta síndrome, das quais 550 estão no estado da Bahia. A síndrome é caracterizada por múltiplas deficiências e malformações e reduzido desenvolvimento cognitivo. O governo brasileiro preconizou a assistência em saúde pautada na estimulação precoce, dedicada ao cuidado multidisciplinar das crianças de zero aos três anos de idade, promovendo o desenvolvimento infantil em situações nas quais um risco é apresentado. Neste estudo buscou-se compreender o fenômeno a partir da experiência vivida por profissionais da intervenção precoce dedicados à assistência das crianças com a SCVZ e suas famílias. Assim, através da Psicologia Semiótico-Cultural, objetivou-se identificar e analisar as estratégias de regulação afetivo-semióticas construídas por profissionais da intervenção precoce no acompanhamento de crianças nascidas com a SCZV e suas famílias. Realizaram-se entrevistas narrativas com dez profissionais que atuam em uma equipe multidisciplinar de intervenção precoce de uma instituição pública de saúde na cidade do Salvador/BA. Na análise destas narrativas, dedicou-se especial atenção à compreensão dos processos de construção de significados, intersubjetividade, ação simbólica e experiência afetiva. Assim, investigou-se como estes processos repercutiram na regulação afetivo-semiótica das profissionais, bem como nas práticas de intervenção precoce com as crianças com a SCZV e suas famílias. Como resultado das análises compreendeu-se que a emergência da SCZV se deu enquanto uma experiência inquietante para as profissionais da equipe, e demandou delas um trabalho afetivo-cognitivo na busca pela construção de novos significados que dessem conta desta vivência. Ademais, a intersubjetividade e afetividade revelaram-se enquanto promotores da autorregulação semiótica das participantes, contribuindo para a construção de práticas mais adequadas. A forma como a regulação afetivo-semiótica se deu com as profissionais também teve repercussões nas expectativas de futuro construídas sobre o desenvolvimento das crianças. Between the years of 2015 and 2016, an epidemic of births of children with Congenital
Syndrome of the Zika Virus (CSZV) emerged in Brazil. By the year 2018, 3,279 children with
this syndrome were counted, of which 550 are in the state of Bahia. The syndrome is
characterized by multiple deficiencies and malformations and reduced cognitive development.
The Brazilian government advocated health care based on early stimulation, dedicated to the
multidisciplinary care of children from zero to three years of age, promoting child development
in situations in which a risk is presented. This study sought to understand the phenomenon from
the experience of early intervention professionals dedicated to the care of children with CSZV
and their families. Thus, through Semiotic-Cultural Psychology, the objective was to identify
and analyze the strategies of affective-semiotic regulation built by professionals of early
intervention in the follow-up of children born with CSZV and their families. Narrative
interviews were carried out with ten professionals who work in a multidisciplinary team of early
intervention of a public health institution in the city of Salvador/BA. In the analysis of these
narratives, special attention was given to understanding the processes of meaning construction,
intersubjectivity, symbolic action and affective experience. Thus, we investigated how these
processes had repercussions on the affective-semiotic regulation of professionals, as well as on
the early intervention practices with children with CSZV and their families. As a result of the
analyzes it was understood that the emergence of the CSZV occurred as a disturbing experience
for the professionals of the team, and demanded of them an affective-cognitive work in the
search for the construction of new meanings that gave account of this experience. In addition,
intersubjectivity and affectivity were revealed as promoters of participants' semiotic selfregulation, contributing to the construction of more appropriate practices. The way in which the
affective-semiotic regulation occurred with the professionals also had repercussions on the
future expectations built on the children's development.