Tese
Travestígonas: performatividade de gênero, da política e do luto no teatro de As travestidas
Fecha
2019-07-31Autor
Sousa, Francisco das Chagas Alexandre Nunes de
Institución
Resumen
Este trabalho defende a tese de que o coletivo artístico As travestidas, de Fortaleza, produziu intensos, potentes e amplos espaços de aparecimento para as questões trans no Ceará que serão pensados aqui como a performatividade da política gerada através de uma complexa articulação entre luto, riso, fechação, gongação, críticas ao binarismo de gênero, as dissidências sexuais, a precariedade e a arte transformista e drag no teatro. Essas articulações, motivadas pelo desejo de desobedecer às normas, nos permitem defender que As travestidas se constituem em Travestígonas. Para defender essa tese, analiso a história do coletivo, seus impactos e quatro dos seus espetáculos: Uma flor de dama (2002); Engenharia erótica: fábrica de travestis (2010); BR trans (2013) e Quem tem medo de travesti (2015). Também recorro a entrevistas com pessoas que integram o grupo e coloco todo esse material empírico em diálogo com várias obras dos estudos queer, das subjetividades, da psicanálise e das artes. Mais do que encontrar no coletivo a potência para pensar determinadas obras, conceitos e reflexões acadêmicas, ao final, a tese também oferece leituras distintas sobre essa cena artística e política. Defendo que ela não pode ser analisada e reduzida ao luto ou à melancolia, mas que provoca o que chamo de queerificação do luto e da reparação e uma heterotopia fechativo-lutuosa que aponta um queer por vir. This research aims to defend the thesis that the artistic collective As travestidas, from
Fortaleza, produced intense, potent and ample spaces of appearance for trans issues in Ceará
that will be thought as the performativity of the politics generated through a complex
articulation between mourning, laughter, fechação, gongação, criticism of gender binarism,
sexual dissidence, precariousness, and transformista and drag art in theater. These
articulations, motivated by the desire to disobey the norms, allow us to defend that As
travestidas constitute themselves as Travestígonas. To defend this thesis, I analyze the
collective's history, its impacts and four of its shows: Uma flor de dama (2002); Engenharia
erótica: fábrica de travestis (2010); BR trans (2013) e Quem tem medo de travesti (2015). I
am also based on interviews with people who are part of the group and put all this empirical
material in dialogue with various literatures of queer studies, subjectivities, psychoanalysis
and arts. More than finding in the collective the power to think certain theories, concepts and
academic reflections, in the end, the thesis also offers different readings on this artistic and
political scene. I contend that it can not be analyzed and reduced to mourning or melancholy,
but that it causes what I call a "queerification of mourning and reparation" and a fechativolutuosa heterotopia that points to a queer to come.