Dissertação
Fatores associados a alteração no índice tornozelo braquial em pacientes com hipertensão arterial resistente
Fecha
2019-04-01Autor
Bulhões, Fábio Vieira de
Bulhões, Fábio Vieira de
Institución
Resumen
O Índice tornozelo-braquial (ITB) vem sendo utilizado na identificação de doença arterial oclusiva periférica (DAOP) e constitui-se um marcador de disfunção endotelial e dano macrovascular no hipertenso. No entanto, poucos estudos no Brasil investigaram a prevalência de alteração do ITB em pacientes com hipertensão arterial resistente, estudos desenvolvidos nesse sentido poderão contribuir para elucidação de fenômenos causais, possibilitando o desenvolvimento de medidas preventivas precoces. O objetivo desta pesquisa foi investigar os fatores associados à alteração do ITB em pacientes com hipertensão arterial resistente. Trata-se de um estudo transversal, desenvolvido com 126 pacientes selecionados consecutivamente, acompanhados em um Ambulatório de referência para Doença Cardiovascular Hipertensiva Grave em Salvador, Bahia. Os pacientes foram identificados com hipertensão arterial resistente mediante avaliação da adesão terapêutica e pseudoresistência. Obteve-se dados nos prontuários sobre fatores sócio-demográficos, antropométricos, clínicos, laboratoriais e ecocardiográficos. Utilizou-se método padronizado para definição da doença arterial periférica sintomática e classificou-se com alteração do ITB valores entre 0,90 e 1,30. A associação entre alteração do ITB e seus possíveis determinantes foi estimada pelo cálculo do Odds Ratio (OR), adotando-se o intervalo de confiança a 95% (IC95%) como medida de precisão. Posteriormente, foi realizada regressão logística, discriminando os fatores de risco em blocos hierarquizados. A prevalência de alteração do ITB foi 19,0%. Constatou-se que em maioria os pacientes eram do sexo feminino (74,8%), com idade entre 40 e 65 anos (60,0%), negros (57,0%), com escolaridade superior ao primário completo (63,8%), com sobrepeso e obesidade (85,8%), com elevada prevalência de diabetes (44,0%), com hipercolesterolomia (29,9%), com hipertrigliceridemia (22%) e com AVC prévio (18%). Na modelagem mantiveram-se significativamente associados a alteração do ITB o diabetes (OR = 4,11; IC95%: 1,10 a 15,50), a idade (OR=3,30; IC95%: 1,13 a 9,69) e a hipercolesterolemia (OR= 4,18; IC95%: 1,12 a 15,58). A análise hierarquizada composta pelas variáveis sócio demográficas e de hábito de vida identificou 10,0% dos casos de ITB alterado, esse percentual aumentou para 12,2% após a inclusão do IMC e elevou-se para 24,3% com a inclusão do bloco de variáveis de morbidade. A prevalência de ITB alterado embora não tenha sido tão elevada quanto a observada em outros grupos de pacientes mostrou-se significativamente associada a fatores de risco tradicionalmente descritos na literatura. Concluímos que a utilização do ITB pode ser usada na avaliação dos pacientes com hipertensão grave como método de rastreio de alterações vasculares.