Tese
Medidas Antropométricas Na Identificação De Fatores De Risco Cardiometabólico Em Crianças E Adolescentes
Fecha
2019-04-04Autor
Quadros, Teresa Maria Bianchini de
Quadros, Teresa Maria Bianchini de
Institución
Resumen
Introdução: Nos últimos anos, a presença de fatores de risco cardiometabólico tem sido
observada tanto em adultos quanto em crianças e adolescentes. A avaliação dos fatores de
risco cardiometabólico para obtenção de indicadores do perfil lipídico, glicêmico e
insulinêmico envolve coletas laboratoriais. Estas técnicas são invasivas, dispendiosas e de
difícil acesso, evidenciando a necessidade de identificação de métodos práticos e de baixo
custo para viabilizar a avaliação em nível populacional. Nesse contexto, as medidas
antropométricas têm recebido atenção especial pela consistente associação com fatores de
risco cardiometabólico e possibilidade de utilização em muitos setores da saúde pública, como
escolas, unidades de saúde da família e hospitais. Objetivo: Investigar a capacidade de
indicadores antropométricos como ferramenta de triagem de fatores de risco cardiometabólico
em crianças e adolescentes. Métodos: Estudo transversal com amostra probabilística de 1.139
escolares de ambos os sexos, com idades entre seis a 17 anos do município de Amargosa,
Bahia, Nordeste do Brasil. Variáveis sociodemográficas foram obtidas através de auto-relato
por meio de entrevista. Foram mensuradas a massa corporal, estatura, dobras cutâneas
subescapular e triciptal, circunferência da cintura e pressão arterial sistólica e diastólica. O
índice de massa corporal e a razão da cintura pela estatura foram calculados. Amostras de
sangue venoso em jejum foram coletadas para avaliação do perfil lipídico e glicêmico. A
curva receiver operating characteristic foi construída e a área sob a curva, a sensibilidade e a
especificidade foram calculados para os parâmetros avaliados. Utilizaram-se os fatores de
risco cardiometabólico como padrão-ouro. Resultados: As prevalências de dislipidemia,
hiperglicemia e pressão arterial elevada foram 62,1%, 6,6% e 27,0%, respectivamente. Os
indicadores antropométricos avaliados apresentaram-se associados à dislipidemia,
hiperglicemia e pressão arterial elevada, contudo com baixo poder para triagem destes
desfechos. Em relação à triagem dos fatores de risco cardiometabólico agrupados, os maiores
valores de acurácia, em torno de 0,70, foram encontrados para a associação entre os
indicadores antropométricos avaliados e a categoria “3 ou mais” fatores de risco
cardiometabólico agrupados. Em geral, o índice de massa corporal, a circunferência da cintura
e a dobra cutânea subescapular apresentaram habilidade similar para triagem de fatores de
risco cardiometabólico agrupados e valores de acurácia superiores à razão da cintura pela
estatura e dobra cutânea triciptal. Conclusão: Os achados da presente tese sugerem que
indicadores antropométricos podem representar uma interessante ferramenta para triagem
epidemiológica de fatores de risco cardiometabólico agrupados em idades precoces. O peso
corporal, a estatura e a circunferência da cintura são medidas simples, de fácil obtenção e de
baixo custo que poderiam ter sua avaliação institucionalizada na prática rotineira de diferentes
setores (ex.: escolas e unidades de saúde da família) como parte do acompanhamento integral
à saúde da população pediátrica. Não obstante, desde que haja avaliadores treinados, a dobra
cutânea subescapular também pode ser considerada para triagem de fatores de risco
cardiometabólico agrupados na infância e adolescência.