Tese
Ilha de Cajaíba: lugar, pertencimento e territorialidade nas comunidades quilombolas Acupe, São Brás e Dom João - Recôncavo Baiano.
Fecha
2019-01-21Autor
Fernandes, Mariana Balen
Institución
Resumen
Este trabalho é fruto da pesquisa de doutorado desenvolvida entre 2012 e 2016
junto às Comunidades Quilombolas São Braz, Acupe e Dom João, localizadas na
região do Recôncavo Baiano. O cerne da questão está nos usos e nos sentidos
atribuídos por essas três comunidades à Ilha de Cajaíba, eixo central da pesquisa
que nos permite compreender as relações entre os pescadores e marisqueiras das
comunidades e os conflitos territoriais por elas vivenciados a partir da noção de
lugar, no sentido antropológico (AUGÉ, 2012). Um espaço compartilhado em
evidência tanto enquanto produção etnográfica, por meio do encontro entre a
realidade vivenciada pelos quilombolas e a curiosidade da pesquisadora, quanto um
ponto de partida utilizado por ambos na descoberta e compreensão do atual
processo de emergência étnica e reconhecimento dos territórios quilombolas. Tratase
também de apontar os modos de apropriação da Ilha de Cajaíba por diferentes
atores ao longo de seu processo de privatização e o tratamento dado pelas
instâncias governamentais no que tange ao acesso de uso do território pesqueiro
pertencente às comunidades quilombolas de Acupe, São Braz e Dom João. This work is the result of the doctoral research developed between 2012 and 2016,
together with Quilombola Communities São Braz, Acupe and Dom João, located in
the Recôncavo Baiano region. The heart of the question lies in the uses and senses
attributed by these three communities to the island of Cajaíba, central axis of the
research that allows us to understand the relations between fishermen and shellfish
gatherers of the communities and the territorial conflicts they experienced from the
notion of place in the anthropological sense (AUGÉ, 2012). A shared space in
evidence both as an ethnographic production, through the encounter between the
reality lived by the quilombolas and the curiosity of the researcher, and as a starting
point used by both in the discovery and understanding of the current process of
ethnic emergence and recognition of the quilombola territories. It is also a matter of
pointing out the ways in which the Island of Cajaíba has been appropriated by
different actors throughout its privatization process and the treatment given by
governmental bodies regarding access to the use of the fishing territory belonging to
the quilombola communities of Acupe, São Braz and Dom João. Ce travail est fruit de la recherche de doctorat réalisée entre 2012 et 2016 auprès
des communautés de descendants de nègres-marron São Braz, Acupe e Dom João,
localisées dans la région du Recôncavo de Bahia. Le coeur de la question se trouve
dans les usages et les sens attribués par ces trois communautés à l’île de Cajaíba,
axe central de la recherche qui nous permet de comprendre les relations entre les
pêcheurs et collectrices de crustacés et mollusques et les conflits territoriaux vécus
par ceux-ci à partir de la nation de lieu, dans le sens anthropologique (AUGÉ, 2012).
Un espace partagé mis en évidence autant comme production ethnographique, à
travers la rencontre entre la réalité vécue par les nègres-marron et la curiosité de la
chercheuse, qu’un point de départ utilisé par les deux dans la découverte et la
compréhension de l’actuel processus d’urgence ethnique et de reconnaissance des
territoires nègres-marron. Il s’agit aussi de montrer les modes d’appropriation de l’île
de Cajaíba par différents acteurs au long de son processus de privatisation et le
traitement donné par les instances gouvernementales en ce qui concerne l’accès de
l’usage du territoire de pêche qui appartient aux communautés de nègres-marron
d’Acupe, São Braz et Dom João.