Dissertação
Supervisão das equipes de saúde da família: uma pratica em construção.
Fecha
2018-08-28Autor
Ferreira, Luis André Souza
Ferreira, Luis André Souza
Institución
Resumen
A mudança do modelo de atenção à saúde no Sistema Único de Saúde (SUS) vem sendo desenvolvida a partir de 1994 com a implantação do Programa de Saúde da Família, cujo objetivo central é reorganizar a atenção prestada nas unidades básicas de saúde. O PSF contempla a organização de uma equipe multiprofissional
composta por médico, enfermeiro, odontólogo, auxiliares de enfermagem e odontologia, além de agentes comunitários, responsável pelo planejamento e execução das ações em um território definido. A prática da equipe pressupõe uma mudança significativa do objeto de conhecimento/intervenção, das tecnologias
empregadas e da organização do processo de trabalho. A implementação dessa
proposta exige a mudança do perfil ocupacional dos diversos profissionais e trabalhadores que atuam nas equipes, o que vem sendo buscada através do desenvolvimento de processos de capacitação e educação permanente. A
experiência acumulada revela, entretanto, que isso é insuficiente para garantir a mudança das práticas das equipes, o que tem gerado propostas de incorporação da supervisão ao modelo organizacional e gerencial do PSF. A supervisão se apresenta, assim, como ”uma ferramenta do trabalho coletivo de natureza gerencial que se caracteriza como tecido conjuntivo ou argamassa ao articular os diversos momentos e trabalhos operacionalizados pelos variados agentes" (PEDUZZI &
PALMA, 1996). O objetivo deste trabalho é descrever e analisar o processo de
construção da supervisão das Equipes de Saúde da Família (ESF) e caracterizar as
práticas de supervisão que vem sendo realizadas. Trata-se de um estudo de caso,
realizado em um município do Nordeste brasileiro, selecionado em função da
experiência acumulada com a implantação do PSF e da prática da supervisão. A metodologia empregada incluiu análise documental, aplicação de entrevistas aos diversos profissionais envolvidos na supervisão e observação direta de suas práticas durante o período da investigação. Os resultados apontam que a construção da supervisão derivou da necessidade identificada pela coordenação do Programa com
o objetivo de apoiar o processo de reorganização das práticas dos diversos
profissionais das ESF de modo a concretizar os princípios e diretrizes do Programa.
Revela, ainda que a supervisão no município desenvolve desde o apoio a atividades
político-gerenciais, a atividades voltadas à organização de serviços e implementação
de práticas de saúde nas unidades, através da educação permanente, até a mediação estratégica entre as ESF e os canais institucionalizados de participação e controle social. Ou seja, essa prática apresenta características de uma supervisão em parceria, chamada por alguns autores de “convisão” (NUNES & BARRETO,
1999) e também é organizada de forma semelhante à proposta de supervisão matricial, ou apoio institucional sugerido por Campos (2002). É importante ressaltar que o razoável grau de institucionalização da supervisão das ESF no município estudado proporciona segurança e suporte necessário aos supervisores no
desempenho de suas funções. O estudo revela, portanto, a importância da tomada
de consciência por parte da equipe dirigente da SMS com relação ao significado estratégico da supervisão, o que permitiu a construção dessa prática, enquanto importante instrumento de gerenciamento do processo de trabalho das equipes de forma condizente com os princípios do SUS.