Tese
Orientação epistêmica, estilo pessoal e regulação emocional: Contribuições para a compreensão do bem-estar psicológico do psicoterapeuta
Fecha
2017-10-16Autor
Palma, Emanuel Missias Silva
Palma, Emanuel Missias Silva
Institución
Resumen
A saúde mental do psicoterapeuta tem sido tradicionalmente tratada a partir da perspectiva do adoecimento. Diversos estudos teóricos e empíricos têm se dedicado à identificação de preditores ou à recomendação de estratégias preventivas de mal-estar associado ao exercício profissional. A presente tese, ao contrário, pretende contribuir para a compreensão do bem-estar psicológico do psicoterapeuta a partir de algumas de suas características pessoais. O objetivo geral foi examinar o poder preditivo da orientação epistêmica, do estilo pessoal e da regulação emocional do psicoterapeuta sobre o seu bem-estar psicológico. Para tal fim, foram realizados quatro estudos empíricos de caráter quantitativo e de corte transversal. Participaram 674 psicoterapeutas brasileiros, de diferentes orientações teóricas, formações de base e anos de experiência. Os participantes responderam a um questionário online contendo medidas das variáveis psicológicas estudadas e questões sociodemográficas e profissionais. Para fins desta tese, foi criada uma medida de orientação epistêmica e adaptada uma medida de estilo pessoal. Ambas as escalas foram submetidas a uma análise fatorial confirmatória mediante equações estruturais. A escala de orientação epistêmica passou inicialmente por uma análise fatorial exploratória, sendo verificada sua consistência interna tanto pelo alfa de Cronbach quanto pela confiabilidade composta. As relações entre as variáveis estudadas foram examinadas por meio de análises descritivas, multivariadas e modelagem por equações estruturais. Em termos de validação de medidas, os resultados revelaram medidas com qualidades psicométricas satisfatórias. Foram encontradas associações entre a orientação epistêmica, o estilo pessoal e as estratégias de regulação emocional, variáveis que se mostraram preditoras do bem-estar psicológico. As estratégias de regulação emocional ascendentes e descendentes demonstraram maior poder de predição, além de mediarem a relação entre a orientação epistêmica e o bem-estar psicológico do psicoterapeuta. Em síntese, as principais contribuições da tese são: (a) criar e validar uma medida de orientação epistêmica para o contexto brasileiro; (b) validar uma medida de estilo pessoal do terapeuta para o contexto brasileiro; (c) trazer evidências empíricas de associações entre orientação epistêmica, estilo pessoal e regulação emocional em uma amostra de psicoterapeutas; e (d) colocar em destaque o papel da regulação emocional no bem-estar psicológico de psicoterapeutas, o que pode gerar insumos para orientar a formação desse profissional. Psychotherapists’ mental health has been traditionally approached from an illnessoriented
perspective. Several theoretical and empirical studies have been devoted to the
identification of the predictors and to the recommendation of preventive strategies of
ill-being associated with psychotherapy practice. This dissertation, in contrast, seeks to
contribute to the understanding of psychotherapists’ psychological well-being
considering their personal characteristics. The main objective was to examine the
predictive power of psychotherapists’ epistemic orientation, personal style, and
emotion regulation for their psychological well-being. In order to achieve it, four
empirical studies with a quantitative and cross-sectional design were conducted.
Participants were 674 Brazilian psychotherapists of different theoretical orientations,
years of experience and professional background. Participants completed an online
questionnaire containing measures of all psychological variables investigated and
sociodemographic and professional questions. An epistemic orientation measure was
developed, and a personal style questionnaire was validated for the purposes of this
dissertation. Both measures were submitted to a confirmatory factor analysis using
structural equation modelling. The epistemic orientation scale had previously
undergone an exploratory factor analysis. The internal consistency of the dimensions
was assessed using Cronbach alpha and composite reliability. Relations among the
study variables were examined using descriptive and multivariate analysis, as well as
structural equation modelling. In terms of scale validation, results revealed measures
with good psychometric properties. Furthermore, associations between epistemic
orientation, personal style and emotion regulation were found, with these variables also
showing predictive power on psychological well-being. Up- and downregulation
strategies were the best predictors of well-being and mediated its relationship with
epistemic orientation. In summary, the main contributions of this dissertation consisted
of: (a) developing and validating a measure of epistemic orientation in the Brazilian
context; (b) validating a measure of personal style in the Brazilian context; (c)
providing empirical evidences of the associations among epistemic orientation,
personal style, and emotion regulation in a sample of psychotherapists; and (d)
emphasizing the role emotion regulation plays in psychotherapists’ psychological wellbeing,
all of which may generate invaluable resources to guide the training of this
professional group.