masterThesis
Cartografando a fantasia: a identidade regional da Nova Inglaterra representada nas cartografias literárias de H. P. Lovecraft (1912-1926)
Registro en:
SANTOS, Andressa Freitas dos. Cartografando a fantasia: a identidade regional da Nova Inglaterra representada nas cartografias literárias de H. P. Lovecraft (1912-1926). Orientador: Renato Amado Peixoto. 2022. 178f. Dissertação (Mestrado em História) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2022.
Autor
Santos, Andressa Freitas dos
Resumen
Monsters and fantastic creatures that escape from human understanding are remarkable
literary elements in Howard Phillips Lovecraft’s (1890 - 1937) narratives. He is also known
as the author of the uncanny fiction genre. His fantasies writings point up to a reconstruction
of American identity in the first decades of the 20th century. To cause fear and disgust with
distorted views about the Other – non anglo-saxons peoples - whether through letters,
newspaper articles or the monsters in fictional narratives, Lovecraft reveals a xenophobic
feeling, of a racist nature, against the migratory flow of diverse people who came to inhabit
New England - a region idealized by the author as the holder of the true essence of the United
States. Through the geographical concepts of place and landscape of fear, Yi-Fu Tuan (2005;
2013) demonstrates how individuals appropriate and recreate spaces from experience. This
research uses the method of literary cartography by Robert Tally (2020). This theory
demonstrates how the writer, just like the cartographer, uses several imaginary mechanisms,
based on the perceptions of his own experience, to create symbolic maps that represent
reality. Thus, it is observed that Lovecraft reconstructed the meaning of the region in which
he lived from his own sensory and affective experiences; just like occurred in several writings
- fictional, epistolary narratives, poetry and articles in periodicals - using the historical
imaginary to reframe the American cultural identity. Monstros e criaturas fantásticas que fogem a compreensão humana são elementos literários
marcantes nas narrativas de Howard Phillips Lovecraft (1890 – 1937). Classificado como
autor do gênero do insólito ficcional, a sua fantasia confere uma reconstrução da identidade
estadunidense nas primeiras décadas do século XX. Para causar o medo e a repulsa com
visões deformadas acerca do Outro – povos não anglo-saxões – seja por meio de cartas,
artigos de jornal ou nos monstros em narrativas ficcionais, Lovecraft revela um sentimento
xenófobo, de cunho racista, contra o fluxo migratório dos diversos povos que passaram a
habitar a Nova Inglaterra - região idealizada pelo autor como a única detentora da verdadeira
essência dos Estados Unidos. Através dos conceitos geográficos de lugar e paisagem do
medo, Yi-Fu Tuan (2005; 2013) apresenta como os indivíduos se apropriam e recriam
espaços a partir da experiência. Somado com o método da cartografia literária de Robert
Tally (2013) evidencia-se como o escritor, tal como o cartógrafo, utiliza de vários artifícios
imaginários, baseados nas percepções da própria vivência, para criar mapas simbólicos que
representam a realidade. Assim, observa-se que Lovecraft reconstruiu o significado da região
em que habitou usando suas próprias experiências, sensoriais e afetivas; como ocorreu em
diversos escritos– narrativas ficcionais, epistolares, poemas e artigos em periódicos –
utilizando-se do imaginário histórico para ressignificar a identidade cultural estadunidense.