doctoralThesis
Do ordinário ao extraordinário: o tipo criminoso em Nietzsche
Registro en:
DIOGO, Luana Mara. Do ordinário ao extraordinário: o tipo criminoso em Nietzsche. Orientador: Fernanda Machado de Bulhões. 2023. 103f. Tese (Doutorado em Filosofia) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2023.
Autor
Diogo, Luana Mara
Resumen
This dissertation seeks to clarify the characterization of the criminal type, based on
Friedrich Nietzsche's thought, especially in works written between 1878 and 1888.
Although this typology appears occasionally in some aphorisms, it is linked to important
notions investigated by the German philosopher, such as morality, free will and
punishment. In Nietzsche's works, the criminal is sometimes interpreted as a kind of
"mental patient", incapable of making decisions, and sometimes as a strong person
who, under social pressures, degenerates. In both cases, such type is interpreted as
an offender, unable to submit to the moral values established by the community to
which they belong. The criminal puts the social organization itself at risk, because this
kind of person acts according to their instincts and not rationally, as every individual
should act. The predominance of instincts over reason would be in contradiction to the
notion of free will supported by Judeo-Christian morality, which presupposes that
acting freely is a consequence of the rational capacity shared by all human beings. In
order to understand this type, it is necessary to follow the genealogical path undertaken
by Nietzsche to determine the origin of guilt and punishment, and to identify, apart from
what characterizes the criminal, which role such character plays in different societies. A presente tese busca esclarecer a caracterização do tipo criminoso, a partir do
pensamento de Friedrich Nietzsche, especialmente nas obras escritas entre 1878 e
1888. Embora apareça de maneira pontual em alguns aforismos, essa tipologia está
vinculada a importantes noções investigadas pelo filósofo alemão, como moral, livre-arbítrio e castigo. Nas obras de Nietzsche, o criminoso é interpretado, por vezes, como
uma espécie de “doente mental”, incapaz de tomar decisões, e outras como um
homem forte que, sob as pressões sociais, degenera. Em ambos os casos, é
interpretado como um infrator, incapaz de se sujeitar aos valores morais estabelecidos
pela comunidade a que pertence. O criminoso põe em risco a própria organização
social, pois age de acordo com seus instintos e não racionalmente, como se pretende
que todo indivíduo deva agir. A predominância dos instintos diante da razão estaria
em contradição com a noção de livre-arbítrio, sustentada pela moral judaico-cristã,
que pressupõe que o agir livre é fruto da capacidade racional, comum a todos os seres
humanos. Para que seja possível a compreensão desse tipo, é necessário seguir o
percurso genealógico empreendido por Nietzsche para determinar a origem da culpa
e do castigo, identificando, além do que caracteriza o criminoso, qual papel ele desenvolve nas diversas sociedades.