Dissertação (Mestrado)
As sentenças relativas e a natureza sintática do pronome que na escrita brasileira dos séculos 19 e 20
Autor
Scheidt, Grazielle Helena
Institución
Resumen
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Florianópolis, 2018. Esta dissertação tem como objetivo principal observar e descrever de que forma o constituinte relativo que se implementa na escrita brasileira como um pronome relativo de uso universal, dado que já existem inúmeros estudos que assim o veem a partir de resultados de dados reais de fala, mas poucos estudos que tenham levantado dados provenientes de estudos diacrônicos com a intensão de mapear a implementação desse constituinte na modalidade escrita da língua portuguesa brasileira. Os dados de escrita utilizados na presente pesquisa são de cartas pessoais manuscritas de escreventes adultos nascidos entre o fim do século 18 e começo do século 20 de diversos estados brasileiros, retiradas do corpus do Projeto Para a História do Português Brasileiro - PHPB. Para a análise dos dados, nosso trabalho foi baseado, principalmente, no modelo de competição de gramáticas proposto por Kroch (1989, [2003] 2001), que considera a observação empírica entre formas variáveis no curso do tempo como a competição entre diferentes formas geradas por diferentes gramáticas. Além disso, foram bastante importantes os resultados de estudos anteriores sobre a aquisição de sentenças relativas não padrão (nomenclatura trazida por Mollica (1977) e Tarallo (1983), autores pioneiros no estudo de orações relativas adquiridas naturalmente pelo falante de português brasileiro, para diferenciar essas estruturas daquelas aprendidas formalmente na escola e reproduzidas na escrita). A análise foi feita em busca de responder, principalmente, a seguinte questão: Considerando um corpus de cartas pessoais escritas no Brasil nos séculos 19 e 20, qual trajetória o pronome que segue, nos dados analisados, no sentido de se tornar um relativo universal no PB? Através dos resultados obtidos, conseguimos confirmar que, na escrita brasileira dos séculos 19 e 20, o pronome que segue a mesma trajetória hierárquica proposta por Keenan e Comrie (1977).<br> Abstract: This dissertation aims to observe and describe in what way the relative constituent that is implemented in Brazilian writing as a relative universal pronoun, since there are already numerous studies that see it from real speech data results, but few studies that have collected data from diachronic studies with the intention of mapping the implementation of this constituent in the written mode of the Brazilian Portuguese language. The writing data used in the present research are from personal manuscript letters of adult scribes born between the end of the 18th century and beginning of the 20th century of several Brazilian states, taken from the corpus of the Project for the History of Brazilian Portuguese - PHPB. For the analysis of the data, our work was based mainly on the model of competition of grammars proposed by Kroch (1989, [2003] 2001), which considers the empirical observation between variable forms in the course of time as the competition between different generated forms by different grammars. In addition, the results of previous studies on the acquisition of non- standard relative sentences (nomenclature brought by Mollica (1977) and Tarallo (1983), pioneering authors in the study of relative sentences acquired naturally by the Brazilian Portuguese speaker, were very important to differentiate these structures of those learned formally in the school and reproduced in the writing). The analysis was made in order to answer, mainly, the following question: Considering a corpus of personal letters written in Brazil in the 19th and 20th centuries, what trajectory is the pronoun that follows, in the data analyzed, in the sense of becoming a universal relative in PB? Through the results obtained, we were able to confirm that, in the Brazilian writing of the 19th and 20th centuries, the pronoun follows the same hierarchical trajectory proposed by Keenan and Comrie (1977).