Dissertação
Memória de reconhecimento em primatas não-humanos : um estudo comportamental em macacos-prego (Sapajus spp.)
Fecha
2022-11-08Registro en:
CUNHA, Jéssica Lohana Aquino. Memória de reconhecimento em primatas não-humanos: um estudo comportamental em macacos-prego (Sapajus spp.). 2022. 61 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) — Universidade de Brasília, Brasília, 2022.
Autor
Cunha, Jéssica Lohana Aquino
Institución
Resumen
A memória de reconhecimento é a capacidade de discriminar qualquer estímulo
sensorial novo de um familiar (exposição prévia) em um ambiente. O teste de Reconhecimento
Espontâneo de Objetos (REO) se baseia na exploração espontânea estimulada
pela preferência natural de animais por novidade. Esse teste é amplamente utilizado para
estudar a memória de reconhecimento em roedores, mas recentemente foi adaptado para
primatas não - humanos (PNH) (saguis). Com isso, esse trabalho avaliou a influência de três
variáveis importantes para o desempenho de macacos – prego (Sapajus spp.) adultos no teste
de REO – Intervalo de Retenção, Tempo de Familiarização e sexo. Os sujeitos foram
submetidos a quatro habituações consecutivas de 10 min ao procedimento experimental, após
24 h submetidos ao teste de REO. No primeiro experimento, duas cópias idênticas de um
objeto foram apresentadas para os sujeitos por 10 min (sessão treino). Após um Intervalo de
Retenção de 30 min, 6h e 24h somente uma das cópias foi reapresentada junto com um objeto
desconhecido por 10 min (sessão teste). Macacos – prego exploraram mais o objeto
desconhecido do que o familiar independente do Intervalo de Retenção utilizado. No segundo
experimento, duas cópias idênticas de um objeto foram apresentadas para os sujeitos por 10
min ou 20 min. Após um Intervalo de Retenção de 30 min, somente uma das cópias foi
reapresentada junto com um objeto desconhecido por 10 min. Macacos – prego exploraram
mais o objeto desconhecido do que o familiar independente do Tempo de Familiarização. Para
os dois Tempos de Familiarização, a exploração total dos objetos durante o treino e a
locomoção no teste não influenciaram no desempenho dos sujeitos no teste de REO. Esses
sujeitos apresentaram dimorfismo sexual na performance da tarefa de REO. Machos
discriminaram objeto novo do familiar somente no Intervalo de Retenção de 30 min, enquanto
fêmeas discriminaram os objetos independente do intervalo utilizado. Fêmeas discriminaram
objeto novo do familiar somente no Tempo de Familiarização de 10 min, enquanto machos
discriminaram os objetos independente do Tempo de Familiarização empregado. Os machos
que mais exploraram os objetos na sessão treino de 10 min foram os que melhor
discriminaram objeto novo do familiar na sessão teste. Os machos se locomoveram mais nos
primeiros 10 min da sessão treino de 20 min. Os machos que mais se locomoveram nos
primeiros 10 min da sessão treino de 20 min foram os que menos exploraram nos últimos 10
minutos dessa sessão. Portanto, macacos – prego demonstraram ter memória de
reconhecimento de objeto e que o aumento do Intervalo de Retenção e do Tempo de
Familiarização não afetam o desempenho desses sujeitos no teste de REO. O aumento do
Intervalo de Retenção prejudicou a memória de reconhecimento de machos de macacos –
prego e não afetou a memória das fêmeas. O aumento do Tempo de Familiarização prejudicou
a memória de reconhecimento de fêmeas e não afetou a memória dos machos. Porém, o
aumento do Tempo de Familiarização parece ter influenciado na locomoção dos machos que
pode ter influenciado a exploração deles durante a sessão treino de 20 min e
consequentemente afetado o desempenho na tarefa de REO.