Dissertação
Fraturas morfométricas assintomáticas no hipoparatireoidismo pós-cirúrgico
Fecha
2022-11-07Registro en:
CARVALHO, Ana Rachel Teixeira Batista. Fraturas morfométricas assintomáticas no hipoparatireoidismo pós-cirúrgico. 2022. 94 f., il. Dissertação (Mestrado em Ciências da Saúde) — Universidade de Brasília, Brasília, 2022.
Autor
Carvalho, Ana Rachel Teixeira Batista
Institución
Resumen
Introdução: O hipoparatireoidismo é uma enfermidade rara caracterizada por uma
diminuição da concentração sérica de cálcio na presença de valores do paratormônio
(PTH) baixos ou inapropriadamente normais. As manifestações ósseas dessa doença
decorrem de uma marcada redução no remodelamento, um aumento da densidade e
alterações da microarquitetura óssea. Entretanto o impacto dessas anormalidades
esqueléticas no risco de fraturas permanece incerto. Objetivo: Este trabalho visou
descrever a frequência de fraturas morfométricas nos indivíduos com
hipoparatireoidismo pós-cirúrgico, e compará-la à de um grupo controle pareado.
Descrevemos também as características clínicas, laboratoriais e ósseas e as
correlações desses parâmetros no grupo com hipoparatireoidismo. Método: Tratouse um estudo transversal observacional em que foram incluídos indivíduos com
hipoparatireoidismo pós-cirúrgico maiores que 18 anos cadastrados no protocolo de
dispensação de calcitriol da Secretaria de saúde do Distrito Federal. Foram avaliados
variáveis clínicas e bioquímicas, além dos seguintes parâmetros ósseos: densidade
mineral óssea (DMO), avaliação de fraturas morfométricas (VFA) e o cálculo do escore
de osso trabecular (TBS). Resultados: Foram 70 participantes com
hipoparatireoidismo pós-cirúrgico, com média de idade de 52,4 anos (± 12,2 anos),
sendo que 95,7% (n = 67) mulheres, 60% não obesas (n = 42) e 55,7% (n = 39)
estavam na pós-menopausa; comparados a 66 indivíduos no grupo controle pareados
em sexo, idade e índice de massa corporal. O grupo com hipoparatireoidismo
apresentou valores significativamente menores de cálcio, PTH e magnésio em relação
ao grupo controle. Os valores de fósforo, calciúria e a densidade mineral óssea em
todos os sítios foram significativamente maiores quando comparados aos dos
controles. O cálculo do FRAX® Brasil mostrou que todos os indivíduos apresentaram
baixo risco de fraturas. O grupo com hipoparatireoidismo apresentou três vezes
menos chances de ter baixa massa óssea. Apenas 2,9% dos indivíduos com
hipoparatireoidismo apresentou fraturas silenciosas, sem diferença estatística entre
os grupos. O valor médio do TBS encontrado foi de 1,46 no grupo com
hipoparatireoidismo versus 1,42 no grupo controle, sem diferença estatística entre
eles. Análise de subgrupo incluindo mulheres na pós-menopausa mostrou que os
resultados encontrados no grupo total foram reproduzidos nessa população. Não
houve associação significativa entre nenhum parâmetro laboratorial ou ósseo
investigado e o VFA, porém o TBS se correlacionou com a DMO e o PTH, indicando
que valores maiores de DMO e valores menores de PTH estão relacionados ao
aumento do TBS. O TBS diminuído se correlacionou, ainda, com o estado pósmenopausa e baixa massa óssea. Conclusão: Nossos resultados indicam que as
fraturas vertebrais não são comuns em pacientes com hipoparatireoidismo póscirúrgico, de acordo com as hipóteses fisiopatológicas e com a alta densidade mineral
óssea. O VFA é um método confiável para avaliação das fraturas vertebrais e sua
aplicação durante o exame de densitometria deve ser considerada nesses pacientes.
A ferramenta FRAX® associada ao TBS pode prever os indivíduos com maior
risco. Estudos futuros são necessários para avaliar fatores específicos associados a
fraturas vertebrais no hipoparatireoidismo crônico pós-cirúrgico.