Tese
Hóspedes de si mesmos : um estudo socioambiental sobre a Unidade de Conservação Parque Estadual de Terra Ronca, GO
Fecha
2023-01-23Registro en:
MATTEUCCI, Magda Beatriz de Almeida. Hóspedes de si mesmos: um estudo socioambiental sobre a Unidade de Conservação Parque Estadual de Terra Ronca, GO. 2022. 194 f., il. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável) — Universidade de Brasília, Brasília, 2022.
Autor
Matteucci, Magda Beatriz de Almeida
Institución
Resumen
Este estudo retrata uma concepção particular de ambientalismo, abordando a unidade de conservação Parque Estadual de Terra Ronca-PETeR não apenas pela vertente preservacionista, mas, especialmente, sob o viés socioambiental. A UC foi criada em 1989, para proteger um valioso complexo espeleológico no qual são encontradas sete das 30 maiores cavernas do Brasil. Com área de 56.912,9923 ha, o parque ocupa 16,31% do território de São Domingos, um município do nordeste goiano, surgido durante o ciclo do ouro e que hoje compõe a microrregião do Vão do Paranã, considerada o corredor da miséria do Estado de Goiás. A UC abriga ainda um patrimônio cultural/religioso, a Romaria do Bom Jesus da Lapa, expressão popular de religiosidade, cuja manifestação anual acontece no mês de agosto, na Lapa da Gruta de Terra Ronca. Esta a mais conhecida das cavernas e que nomeia o parque, tendo sido também local de esconderijo dos que fugiam da Coluna Prestes durante sua passagem por São Domingos. A vocação ecoturística da UC é inerente e, no futuro, uma das possíveis soluções para a extrema pobreza da região em que se insere. Entretanto, o parque padece de males próprios às áreas protegidas no Brasil como a carência de pessoal capacitado, fiscalização deficiente, ausência de plano de manejo, entre outros, sendo que a realidade concreta da UC pode ser percebida na questão da regularização fundiária das áreas do parque. Fator que, no contexto, veio a torna-se o elemento gerador do conflito socioambiental em Terra Ronca. A implantação do PETeR não considerou conciliar ocupação humana e preservação ambiental, possível sob o ponto de vista socioambiental e legal de acordo com o decreto de regulamentação da UC. A opção do órgão gestor em tão somente desapropriar todas as áreas do parque, mergulhou em insegurança e insatisfação as famílias proprietárias de terras naquele espaço. Reféns do ultrapassado mito da natureza intocada, esta opção veio a torná-los donos de fato, mas não mais de direito de suas terras. Hóspedes de si mesmos. Ao indenizar apenas os grandes proprietários, fez recrudescer a situação de insegurança e insatisfação. A não-indenização dos demais, a maioria pequenos proprietários, reforçou o cenário de conflito socioambiental em Terra Ronca.