Dissertação
Uso do FSH recombinante humano na produção in vitro de embriões bovinos
Fecha
2022-12-22Registro en:
MARTINS, Letícia Prates. Uso do FSH recombinante humano na produção in vitro de embriões bovinos. 2022. 57 f., il. Dissertação (Mestrado em Biologia Animal) — Universidade de Brasília, Brasília, 2022.
Autor
Martins, Letícia Prates
Institución
Resumen
A produção in vitro de embriões (PIVE) de bovinos está em constante crescimento, e
o desenvolvimento de novos protocolos é importante para a melhoria dos índices de
produção, o que pode permitir o escalonamento da técnica. Dentre as etapas da
PIVE, a maturação in vitro (MIV) é considerada essencial, pois ocorrem alterações
no ovócito que permitem que a fecundação ocorra com sucesso e inicia-se o
processo de desenvolvimento embrionário. In vitro, o FSH é necessário nas
primeiras horas da MIV e, convencionalmente, os meios de maturação são
suplementados com FSH de hipófise suína. Entretanto, esse extrato não possui uma
padronização entre as partidas, possui contaminação de outros hormônios, como o
LH, e encontra-se, atualmente, excasso no mercado. Em 1988 foi produzido o
primeiro FSH recombinante humano. Através dessa tecnologia é possível produzir a
molécula em grande escala, com alta pureza e sem variabilidade na composição.
Existem algumas formulações de rhFSH disponíveis no mercado, como as
folitropinas alfa, beta e delta. A folitropina alfa é utilizada na rotina clínica na
reprodução humana desde 1995. Atualmente, essa molécula vem despertando
interesse para uso na área animal, devido a sua padronização entre doses, pureza e
meia vida mais prolongada. Nosso estudo avaliou o uso de FSH suíno (pFSH) ou
folitropina-alfa (rhFSH), durante a maturação in vitro (MIV) de complexos cumulusoócitos (COC) recuperados de bovinos Nelore (Bos taurus indicus). Foram
realizados quatro experimentos, todos usando CCO grau I (n = 11.245) submetidos
a MIV em TCM199 sem FSH (-FSH) ou suplementados com 0,5 μg/mL de pFSH
(Folltropin-V, Exp. 1 a 4) ou 0,1 UI rhFSH (Gonal-F, Exp. 2, 3 e 4). Foram feitas
avaliações da expansão do cumulus, produção de blastocisto, criotolerância,
contagem de células e taxa de prenhez. A expansão do cumulus foi maior
(P<0,0001) na presença de pFSH, independentemente da concentração de SFB.
FSH e o SFB aumentaram as taxas de clivagem e blastocisto (P<0,05), mas
nenhuma interação entre eles foi observada (P>0,05). No Exp. 2, CCO (n=2.791)
foram maturados na ausência de FSH (-FSH) ou com pFSH ou rhFSH, e foram
submetidos à PIVE. Blastocistos foram avaliados para eclosão como frescos ou
após vitrificação e desvitrificação (ou reaquecimento). A expansão do cumulus e as
taxas de blastocisto foram maiores (P<0,05) nos grupos tratados com FSH (pFSH e rhFSH) do que sem FSH (-FSH). No entanto, não houve efeito do tratamento
(P>0,05) nas taxas de eclosão de blastocistos frescos ou vitrificados. No Exp. 3,
CCO (n=720) foram maturados nos grupos -FSH, pFSH ou rhFSH, e os blastocistos
expandidos produzidos foram corados com Hoechst 33342 e iodeto de propídio.
Blastocistos do grupo rhFSH apresentaram mais células no trofoblasto (P=0,0002),
mas não no MCI (P=0,3231), quando comparados aos grupos pFSH e -FSH. No
Exp. 4, usamos o mesmo desenho experimental do Exp. 2 mas em uma rotina
comercial de PIVE, que incluiu o uso de CCO recuperado por OPU e sêmen sexado
de macho, e a transferência de parte dos blastocistos produzidos. Tanto o pFSH
quanto o rhFSH aumentaram as taxas de clivagem (P=0,0035) e de blastocistos
(P=0,0102), mas não a taxa de prenhezez (P=0,1080), em comparação com -FSH.
Em resumo, a folitropina-alfa é uma alternativa ao pFSH como suplemento para MIV
de CCO bovino.