Tese
Perdas pós-colheita e métodos de manejo da “podridão-mole” causada por Erwinia chrysanthemi Burkholder et al. e Erwinia carotovora spp. (Jones) Bergey et al. em raízes de mandioquinha –salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft)
Fecha
2023-01-19Registro en:
HENZ, Gilmar Paulo. Perdas pós-colheita e métodos de manejo da “podridão-mole” causada por Erwinia chrysanthemi Burkholder et al. e Erwinia carotovora spp. (Jones) Bergey et al. Em raízes de mandioquinha –salsa (Arracacia xanthorrhiza Bancroft). 2001. 264 f., il. Tese (Doutorado em Fitopatologia) — Universidade de Brasília, Brasília, 2001.
Autor
Henz, Gilmar Paulo
Institución
Resumen
As principais limitações da cultura da mandioquinha-salsa atualmente são o pequeno número de cultivares disponíveis aos produtores e as elevadas perdas pós-colheita, o que eleva o preço do produto ao consumidor. O mercado paulista é abastecido principalmente pela produção do Paraná e Minas Gerais, maiores produtores brasileiros, vendida por intermediários para os beneficiadores de Piedade e Tapiraí-SP, municípios distantes 130km da CEAGESP em São Paulo-SP. No mais importante sistema de manuseio pós-colheita, as raízes são lavadas durante 30min dentro de redes imersas em um tanque com água e movidas em movimentos pendulares por um braço mecânico acionado por motores. As raízes são selecionadas visualmente por sua aparência e tamanho e embaladas ainda úmidas em caixas de madeira do tipo “K” novas. Na época de verão observa-se repetidos surtos de “mela” ou podridão-mole causada por espécies pectolíticas de Erwinia (Erwinia carotovora subsp. carotovora, Ecc\ E. c. subsp. atroseptica, Eca; E. chrysanthemi, Ech) nas raízes na fase de comercialização, apenas 2-3 dias após a colheita. De 227 isolados obtidos de raízes de mandioquinha-salsa com sintomas de podridão-mole, 90% foi de E. crhysanthemi (Ech), confirmada através de testes bioquímicos e por PCR (primers ADE1, ADE2, 1491f e Llr). Os isolados de Erwinia foram inoculados em raízes através de ferimento e a deposição de 15jil de inóculo (108 ufc/ml), embalagem em filme de PVC e incubação a 25°C por três dias, e avaliados pelo diâmetro médio da lesão de podridão-mole. A maior parte dos isolados de Ech foi considerada.de alta capacidade relativa de maceração (CRM), e a incubação das raízes inoculadas com quatro isolados de Ech e Ecc em cinco temperaturas (15°C, 20°C, 25°C, 30°C, 35°C) apresentou efeito direto no diâmetro das lesões, e de uma maneira geral os isolados de Ech foram mais agressivos que Ecc nas temperaturas mais altas. Os surtos da “mela” no verão podem ser creditados a predominância de isolados de Ech e sua maior agressividade, principalmente em temperaturas acima de 25°C. As perdas potenciais após três dias de incubação em câmara úmida foram estimadas em 64,7% no verão e 21,7% no inverno, e significativamente maior em raízes lavadas (69,1%) em relação às sem lavar (6,5%). O processo de lavagem m potencializa o início da doença por conta da infiltração de água nas raízes, que pode alcançar até 0,57ml em raízes intactas imersas durante 30min. A temperatura de incubação também apresentou efeito significativo sobre a incidência da podridão-mole, sendo 0% a 3°C, 21,2% a 15°C e 94,6% a 25°C aos seis dias de armazenamento. A umidade das caixas “K” é muito alta devido ao uso de madeira nova e sem secagem adequada e ao excesso d’água e umidade das raízes lavadas, chegando a alcançar 39% do peso da embalagem. As raízes posicionadas nas camadas superior e do fundo das caixas A respiração das raízes inoculadas com Ech foi maior que aquelas feridas superficialmente e aquelas sem inoculação, variando de 19ml de CO2 .kg~ .li (dia 1) a 58,4ml de CO2 .kg .lii1 (dia 3). A manutenção das raízes em três composições atmosféricas (1%, 5% e 10% de O2 + CO2 ) em comparação com o ar resultou em diferenças na incidência da podridão-mole após três dias, alcançando 83,3% a 1% de O2 + CO2 em comparação com ar (incidência de 15,8%). Em uma avaliação in vitro, oxitetraciclina, oxitetraciclina + estreptomicina e extrato de alho foram os produtos que apresentaram maior halo de inibição ao crescimento de Ech. A secagem das raízes reduziu significativamente a incidência da podridão-mole (21,4% a 75,6%) em comparação a raízes lavadas (41,2% a 95,8%) e raízes sem lavar (2,2% a 16,7%). Em um experimento comparando-se os diferentes métodos de manejo da doença, oxitetraciclina foi o que apresentou a menor incidência, mas provocou efeito negativo nas raízes, na forma de áreas encharcadas de cor amarela mais forte, além de não ser registrado para a cultura. A refrigeração (3°C-5°C) foi eficiente na redução da incidência da podridão-mole quando associada com a utilização de embalagens plásticas. Trinta e dois genótipos de mandioquinha-salsa inoculados com Ech apresentaram variações em sua reação avaliada pelo diâmetro das lesões, com diferentes graus de suscetibilidade Foram avaliados os impactos econômicos de alternativas tecnológicas para a redução de perdas em mandioquinha-salsa através do programa ‘Tarmod for Windows”. As três alternativas propostas foram (1) o desenvolvimento de uma nova cultivar mais produtiva para compensar perdas pós-colheita de 30%; (2) uso de refrigeração e caixas de papelão no transporte de mandioquinha-salsa; (3) secagem das raízes após a lavação. Todas as propostas tecnológicas apresentaram impacto positivo sobre o sistema produtivo, sendo beneficiados diretamente produtores (nova cultivar) e beneficiadores e agentes de comercialização (refrigeração com embalagem e secagem das raízes).