Tese
Entre os rios que tudo arrastam e as margens que os oprimem : as determinações ontológicas da unidade exploração-opressão
Fecha
2022-11-28Registro en:
PINHEIRO, Paulo Wescley Maia. Entre os rios que tudo arrastam e as margens que os oprimem: as determinações ontológicas da unidade exploração-opressão. 2022. 408 f., il. Tese (Doutorado em Política Social) — Universidade de Brasília, Brasília, 2022.
Autor
Pinheiro, Paulo Wescley Maia
Institución
Resumen
O presente texto apresenta a síntese do estudo sobre a pertinência dos fundamentos da
ontologia do ser social para desvendamento da unidade exploração-opressão. Articulando
criticamente os acúmulos teóricos de Marx e Lukács, do feminismo marxista e do marxismo
antirracista e anticolonial, adensamos a complexidade da Teoria da Reprodução Social para
pensar as questões de classe, raça/etnia, gênero/sexo e sexualidade, demonstrando que estas
reflexões desvendam determinações com ênfases metodológicas diversas, se aproximando
sucessivamente de sua essência quanto mais estruturam as análises por uma síntese unitária
que articula os fundamentos da alienação do trabalho, da alienação colonial e da alienação
sexual. Em nosso estudo, demonstramos que, assim como o trabalho é a categoria fundante
do ser social, a alienação é a categoria ontológica da unidade exploração-opressão, enquanto
a primeira é a fonte de humanização do mundo e da diversidade humana, a alienação é o
postulado para a desefetivação do ser e da produção social das desigualdades e de suas
naturalizações pautadas na dominação, desumanização, coisificação, hierarquização e
apropriação. No amadurecimento do capitalismo e de sua base racista e heterocispatriarcal,
mais que uma funcionalidade, a opressão se realiza em unidade com a exploração como um
elemento constitutivo de sua substância alienada. A reprodução social ampliada subjetiva
formas de alienação que hipertrofiam o ethos do tipo humano burguês, ou seja, do detentor
dos meios de produção, homem, branco, cis, heterossexual, europeu, judaico-cristão, liberal,
defensor da razão formal-abstrata e familista. Dos preconceitos cotidianos às violências
estruturais e desigualdades no mundo do trabalho, o racismo, o machismo e a lgbtqiafobia
materializam as expressões reprodutivas da unidade exploração-opressão. A expropriação
contínua potencializa a exploração da força de trabalho, ao passo que também aprofunda a
dinâmica das opressões e seus rebatimentos no interior da classe explorada, amplificando
estranhamentos entre os sujeitos, diversificando a massa populacional de reserva como uma
mercadoria com distintos valores de troca, a saber, pelo tempo socialmente necessário para
sua produção e reprodução onde, a depender dos seus corpos, identidades, territórios e
relações, esta dimensão eleva ou rebaixa sua carga valorativa, a sua precificação salarial e sua
relevância, visibilidade, possibilidade de existir ou autorização para sua descartabilidade e
extermínio.