Dissertação
O impacto do fogo na rebrota de algumas espécies de árvores do Cerrado
Fecha
2023-01-24Registro en:
ARMANDO, Marcio Silveira. O impacto do fogo na rebrota de algumas espécies de árvores do cerrado. 1994. xiii, 74 f., il. Dissertação (Mestrado em Ecologia) — Universidade de Brasília, Brasília, 1994.
Autor
Armando, Marcio Silveira
Institución
Resumen
O trabalho aborda o Impacto do fogo sobre a regeneração de nove espécies de árvores do cerrado, analisando o efeito acumulado de queimadas em anos subsequentes (1989 e 1990) na sobrevivência e crescimento das plantas. A área de estudo situa-se a 16 km ao sul de Brasília, a 15° 56' 41” e 47° 51' 02” nas faixas-tampão do Projeto Roncador que engloba áreas da Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília e da Reserva Ecológica do IBGE. A área disponível com fisionomia de "arvoredo de escrube-e-árvores" foi utilizada extensivamente, tendo sido estudados, sem o estabelecimento de parcelas, cerca de 7 hectares. A classe de amostragem adotada abrangeu todos os indivíduos com tamanho máximo de 5 cm de circunferência a 30 cm de altura, não havendo tamanho mínimo. As plantas foram marcadas junto à sua base, com estacas de ferro com etiquetas -de alumínio numeradas, medidas, catalogadas e identificadas por espécie. No total 1.470 plantas foram marcadas para monitoramento. As queimadas foram realizadas com o apoio dá Brigada de Incêndio da Reserva do Roncador e as queimas foram iniciadas, via de regra, a favor do vento. Os indivíduos foram divididos em dois tratamentos: queimados em dois anos seguidos (caso A) e queimados só no primeiro ano (caso B). As espécies estudadas são: Aspidosperma dasycarpon, Blepharocalyx salicifolius, Caryocar brasiliense, Dalbergia miscolobium, Hymenaea stigonocarpa, Stryphnodendron adstríngens, Sclerolobium paniculatum var. subvelutinum, Siphoneugena densifíora e Virola sebifera. Um total de 640 plantas foram efetivamente monitoradas durante dois anos seguidos. As maiores taxas de mortalidade registraram-se para Dalbergia miscolobium (12%), Stryphnodendron adstríngens (14%), Siphoneugena densifíora (14%) e Sclerolobium paniculatum (15%), todas no caso A. No caso B ocorreu mortalidade somente para Dalbergia miscolobium (6%). A análise dos dados de sobrevivência demonstrou haver diferença significativa entre os casos, estudados, quando tomadas todas as espécies em conjunto; ou seja, o efeito acumulado de duas queimadas aumentou a taxa de mortalidade à nível de comunidade. Um intervalo de onze meses para a rebrota não foi suficiente para a recuperação da altura pré-fogo nos indivíduos do caso A. A diferença média de altura de todas as espécies entre 1991 e 1990 foi de -9,1 cm (caso A) e de 6,9 cm (caso B). Como a altura anterior das plantas já era o resultado de rebrota após o fogo de 1989, houve uma redução real na altura atingida pela rebrota no tratamento com dois fogos seguidos, em relação ao tratamento com uma só queimada. As espécies que registraram maior diferença de crescimento entre os tratamentos foram Blepharocalyx salicifolius, Hymenaea stigonocarpa, Siphoneugena densiflora, Sderolobium paniculatum e Virola sebifera. Embora algumas espécies registrem mortalidade nula durante o período do estudo, as suas taxas de crescimento indicam um impacto fisiológico negativo importante após a segunda queimada. O estudo conclui que a altura atingida pela rebrota das espécies arbóreas, dentro da classe de tamanho estudada, é reduzida com a ocorrência de queimadas em dois anos seguidos, e a mortalidade tende a aumentar no conjunto das espécies estudadas, quando submetidas à fogo periódico de frequência anual.