Dissertação
Silenciamentos da geografia brasileira: interseccionalidade de gênero e raça na produção de artigos científicos após os anos 2000.
Registro en:
SILVA, Cintia Cristina Lisboa da Silva. Silenciamentos da geografia brasileira: interseccionalidade de gênero e raça na produção de artigos científicos após os anos 2000. 2022. Dissertação (Mestrado em Gestão do Território) - Universidade Estadual de Ponta Grossa. Ponta Grossa. 2022.
Autor
Silva, Cintia Cristina Lisboa da
Institución
Resumen
In this dissertation we aim to understand how the female gender composes the Brazilian
geographical scientific production on racialities after the 2000s, for that, we start from the
understanding that society, here in particular referring to the black geographers, has distinct
access to the different spatialities, seen here through the space of scientific enunciation in
geography, in view of different axes of oppression matrix. As a source of data we use the
Observatory of Brazilian Geography - OGB, which allows us to search the literature produced
in articles of 98 online journals of the Brazilian geography analyzed between 1939 and 2019.
Among the total of 25.43 articles, only 1.8% make a discussion about racialities in geography,
that is, 452 articles. When analyzing the corporality that exists in this scientific production we
identified that these are mostly male productions and coming from public institutions in the
southeast, followed by the south and center-west, in addition to the main references of the
area are men, in this case blacks and whites, considering that the two women who figure in
this mapping of the main references via H index are white women. For a complementation
from the black geographers that are known to produce the field of black geographies, we
conducted 6 interviews, 3 with doctoral concurred teachers from public universities and 3
doctoral students in geography, also in public universities. In this way we could identify that
the production of these women is linked to another type of scientific different from what has
been publicized mostly by women producing online articles of racialities in Brazilian
geography, and their trajectories are strongly marked by the family, especially the mother, and
later be established by mobility for study and in a network of female support. Thus, we
indicate the presence of two relational fields, but distinct, of scientific production and
positionality, where the narrative produced by such women is contrary to what has
traditionally been pointed out in geography, with regard to racial issues. Nesta dissertação objetivamos a compreensão de como o gênero feminino compõe a produção
científica geográfica brasileira sobre racialidades após os anos 2000, para tanto, partimos do
entendimento que a sociedade, aqui em especial nos referindo as geógrafas negras, possui
acesso distinto as diferentes espacialidades, aqui vistas por meio do espaço de enunciação
científica na geografia, tendo em vista distintos eixos de matriz de opressão. Como fonte de
dados utilizamos o Observatório da Geografia Brasileira – OGB, que nos permite a busca da
literatura produzida em artigos de 98 periódicos online da geografia brasileira analisada entre
o período de 1939 a 2019. Entre o total de 25.43 artigos, apenas 1,8% fazem uma discussão
sobre racialidades na geografia, ou seja, 452 artigos. Ao analisarmos a corporalidade que
existe nesta produção científica identificamos que se tratam de produções majoritariamente
masculinas e provenientes de instituições pública do sudeste, seguido do sul e centro-oeste,
além das principais referências da área serem homens, neste caso negros e brancos, tendo em
vista que as duas mulheres que figuram neste mapeamento das principais referências via
índice H são mulheres brancas. Para uma complementação a partir das geógrafas negras que
reconhecidamente produzem o campo das geografias negras, realizamos 6 entrevistas, 3 com
doutoras concursadas professoras de universidades públicas e com 3 doutorandas em
geografia, também em universidades públicas. Deste modo pudemos identificar que a
produção dessas mulheres se atrela a outro tipo de produção científica, com viés
explicitamente crítico e antirracista, diferente do que tem sido publicizado majoritariamente
pelas mulheres produtoras dos artigos online de racialidades na geografia brasileira, além das
suas trajetórias serem marcadas fortemente pela família, em especial a mãe, e posteriormente
se firmar pela mobilidade para o estudo e em uma rede de apoio feminina. Sendo assim,
indicamos a presença de dois campos relacionais, porém distintos, de produção e
posicionalidade científica, onde a narrativa produzida por tais mulheres se dá na contramão do
que de forma tradicional tem sido apontado na geografia, no que se refere as questões raciais. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior