Dissertação
“QUEM TEM MEDO DA PALAVRA NEGRO? ”: MORENOS, MISTURADOS, MESTIÇOS, CAFUSOS, MULATOS, ESCUROS, PRETO SOCIAL PARTICIPANTES DO CLUBE 13 DE MAIO – PONTA GROSSA (PR)
Registro en:
SANTOS, Merylin Ricieli dos. “QUEM TEM MEDO DA PALAVRA NEGRO? ”: MORENOS, MISTURADOS, MESTIÇOS, CAFUSOS, MULATOS, ESCUROS, PRETO SOCIAL PARTICIPANTES DO CLUBE 13 DE MAIO – PONTA GROSSA (PR). 2016. 150 f. Dissertação (Mestrado em Linguagem, Identidade e Subjetividade) - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA, Ponta Grossa, 2016.
Autor
Santos, Merylin Ricieli dos
Institución
Resumen
The research presents a study of speeches built around the black Club, located in Ponta Grossa (PR). It deals with the construction of the identities of the individuals who participate or have participated, from the evidential paradigm, Carlo Ginzburg (1990). The work aims to seek what spaces, negotiations, interdictions, silences, visions; meanings attributed to the Club by the local society as well as understand how the regulars and non-regulars see the Club. It yearns still answer, which the Club's relationship signs with society and society with the Club. It seeks to highlight a marginalized space while a black club contributed to various local identity buildings. The Club May 13 is a Recreational Society, founded by free blacks in the post-abolition period, founded in 1890 in the city of Ponta Grossa, and that at the time of its creation had a very suggestive nomenclature: Literary Club and Recreative May 13. The corpus of the research consists of a set of black people speeches built between the months of January and February 2016 in the form of oral interviews regarding this recreational society. The research is qualitative (MINAYO, 1994) and part of the analysis of materials are the result of oral interviews (MINAYO, 2001), the other part corresponds to the status of the Club, the Sentence Report and Overturning Process the entity in question. By analyzing the two documents it seeks to highlight the issue of the club's relationship with the city, since they are taken as discourses on May Thirteen Club and its social dynamics. From the analysis of interviews, it presents the signs involving racial designation of the regulars of the club, as well as discussions on how these people saw themselves in this black sociability, they saw the club in the society in which it was entered, as well as their perceptions of race relations intertwined in this. The theoretical and methodological reference analysis depart from the proposal of the Bakhtin Circle (1929/2005) about the dialogic and responsive communication in conjunction with the methodology guided the evidential paradigm, Ginzburg (1990). To the question of black identity, the reference was Munanga (2012), Hall (2002, 2006), Gomes (2005), Souza (1983) and on this category Munanga (2010) believes that to build a collective black identity it is needed a process of deconstruction and authenticity, not related to a negative black history rooted in colonial historiography. The research deals with the relationship between literacy and black organizations, discussion that comes from the club's name as a literary in its foundation. It brings a discussion about the history of black Club here questioned, whose function is to contextualize the study object and discuss its relationship to Eurocentric society that was inserted. The final considerations, through questioning and analysis of the statements and documents about the Club, indicate that the main results point to the act of creating a black club in Ponta Grossa as a form of resistance. The interdictions assigned to the club suggest the no place of it in the city. Although the club appears as a invisible and negated space by its non goers, the processes of identity constructions occurred inside pervade the negative borders and enter blacks as subjects of various social practices, positiving their experiences and enhancing their socio-cultural experiences. A pesquisa apresenta um estudo sobre discursos construídos em torno do clube negro, situado em Ponta Grossa (PR). Trata das construções das identidades dos sujeitos que dele participam ou participaram, a partir do paradigma indiciário, de Carlo Ginzburg (1990). O trabalho aspira buscar quais os espaços, negociações, interdições, silenciamentos, visões, significados atribuídos ao clube pela sociedade local, bem como entender como os frequentadores e os não frequentadores veem o clube. Anseia ainda responder quais os indícios da relação do clube com a sociedade, e da sociedade com o clube. Busca-se evidenciar um espaço marginalizado que enquanto um clube negro colaborou para diversas construções identiárias locais. O Clube 13 de Maio é uma Sociedade Recreativa, criada por negros libertos no período pós-abolição, fundada em 1890, na cidade de Ponta Grossa, e que no momento de sua criação apresentava uma nomenclatura bastante sugestiva: clube Literário e Recreativo 13 de Maio. O corpus da pesquisa é constituído por um conjunto de discursos de pessoas negras construídos entre os meses de janeiro e fevereiro de 2016 na forma de entrevistas orais referentes a esta sociedade recreativa. A pesquisa é de caráter qualitativo (MINAYO, 1994) e parte dos materiais de análise são resultados de entrevistas orais (MINAYO, 2001), a outra parte corresponde ao Estatuto do clube, ao Relatório de Sentença e Processo de Tombamento da entidade em questão. Ao analisar os dois documentos busca-se evidenciar a questão das relações do clube com a cidade, uma vez que os mesmos são tomados como discursos sobre o Clube Treze de Maio e suas dinâmicas sociais. A partir da análise das entrevistas apresentam-se os signos que envolvem a denominação racial dos frequentadores do clube, bem como discussões sobre como essas pessoas se viam dentro dessa sociabilidade negra, como viam o clube dentro da sociedade na qual estava inserido, bem como suas percepções sobre as relações raciais imbricadas neste processo. Os referencias teórico-metodológicos de análise partem da proposta do círculo bakhtiniano (1929/2005) acerca do dialogismo e comunicação responsiva, em conjunto com a metodologia pautada no paradigma indiciário, de Ginzburg (1990). Para a questão das identidades negras o referencial utilizado foi Munanga (2012), Hall (2002, 2006), Gomes (2005), Souza (1983). Sobre essa categoria, Munanga (2010) considera que para construir uma identidade negra coletiva é necessário um processo de desconstrução e autenticidade que não se prenda a uma história negra negativa enraizada na historiografia colonial. A pesquisa trata da relação entre letramento e organizações negras, discussão que advém da denominação do clube como literário em sua fundação. Traz uma discussão acerca da história do clube negro aqui problematizado, tendo como função contextualizar o objeto de estudo e problematizar sua relação com a sociedade eurocêntrica em que estava inserido. As considerações finais, através das problematização e análise das falas e documentos sobre o clube, indicam que os principais resultados apontam para o ato de criação de um clube negro em Ponta Grossa como uma forma de resistência. As interdições atribuídas ao clube sugerem o não lugar do mesmo na cidade. Embora o clube apareça como um espaço invisibilizado e negativado pelos seus não frequentadores, os processos de construções identitárias ocorridos em seu interior perpassam as fronteiras negativas e inserem os negros enquanto sujeitos de diversas práticas sociais, positivando suas vivências e valorizando suas vivências socioculturais. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior