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Literatura e Romantismo: voluptas volubilitas
Autor
Barreto, Junia
Calaça, Fausto
Institución
Resumen
Refletindo sobre a origem da palavra ‘romantismo’, descobrimos que ela nos remete ao substantivo roman, palavra que, diante do desgaste da língua latina na Europa, expressava, no francês antigo, o conjunto das diferentes línguas populares ‘faladas’, consideradas vulgares, em oposição à língua culta e escrita, o latim. O vocábulo roman declinou em romant, designando então as narrativas escritas nesses falares e, posteriormente, os romances de cavalaria no século XIV.Sendo empregado também pela língua inglesa, o termo se derivou em romantic, no século XVII. Mas, é somente na Alemanha, com Schlegel, na passagem do século XVIII ao XIX, que o termo romantisch se oporá à literatura clássica, outorgando-se a expressão da modernidade. Enquanto manifestação da estética literária, o romantismo não se manifestou ao mesmo tempo e nem da mesma forma ou com as mesmas significações nas letras germânicas, inglesas, francesas ou nas letras das Américas. Mas, em suas tonalidades distintas, nas especificidades dos diferentes gêneros literários, seja o gênero lírico, o dramatúrgico ou o romanesco, chama-nos a atenção, nos textos ditos românticos, a expressão do volume, o prazer da palavra estética, da palavra ampla. Nossa intenção com este dossiê do periódico Polifonia foi interrogar o romantismo, em suas mais diversas expressões, sobre sua palavra ampla, pujante em volúpia e volubilidade. Nossa insistência sobre o lugar do prazer estético e literário no movimento romântico pretendeu liberar a visão das esquematizações retrospectivas, para restituir – como na origem do vocábulo roman – a grande variedade de suas orientações: se o movimento romântico começou por uma reflexão sobre a transformação histórica, rapidamente ele desposou múltiplas formas da modernidade.