artículo científico
O painel brasileiro de mudanças climáticas na interface entre ciência e políticas públicas: identidades, geopolítica e concepções epistemológicas
Autor
Tiago Ribeiro Duarte
Institución
Resumen
Este artigo examina de modo comparativo dois projetos distintos para o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC). O primeiro projeto consistiu na criação, por parte de cientistas brasileiros, de um painel nacional aos moldes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Já o segundo foi a tentativa de um formulador de políticas climáticas de reunir renomados cientistas brasileiros da área para produzirem réplicas científicas a minutas de relatórios do IPCC que contivessem dados ou teorias que fossem contra o interesse nacional. Trata-se de duas tentativas de coproduzir as ciências climáticas e a ordem social com implicações para a produção de diferentes instituições e identidades. Ao mesmo tempo, os dois projetos embasaram-se em representações distintas sobre a geopolítica climática internacional e sobre a epistemologia das ciências. A partir dessa comparação, procuro avançar a crítica de Myanna Lahsen sobre o modelo linear das relações entre cientistas e formuladores de políticas públicas. Argumento que a interface ciência/políticas climáticas no Brasil não deve ser entendida como um espaço colaborativo no qual dados e teorias científicas fluem de modo não problemático da comunidade científica para formuladores de políticas. Essa interface é uma arena de disputa onde diferentes grupos de atores procuram produzir realidades sociais distintas.**