Mobilidade espacial da força de trabalho no capitalismo contemporâneo: estudo do processo migratório venezuelano para o Brasil (2013-2019)

Abstract

Objetivamos nesta pesquisa compreender o complexo processo migratório venezuelano para o Brasil no período recente, desencadeado sobretudo a partir de meados da década de 2010, tendo como fio condutor uma análise pautada na crítica do modo de produção capitalista e de seu processo de acumulação ampliada – através da expansão territorial – sobre novos espaços a serem incorporados à dinâmica de reprodução do capital, processo que tem se intensificado e pode ser observado através da ofensiva do capital sobre a América Latina e, particularmente, sobre a Venezuela nos anos recentes. Guiados por estes pressupostos, buscamos entender como o movimento migratório venezuelano para o Brasil se relaciona com o contexto de crise estrutural da sociabilidade capitalista que tem se agudizado a partir das últimas décadas do século XX e primeiras décadas do século XXI e como a migração venezuelana se configura enquanto um processo de mobilização espacial da força de trabalho imigrante decorrente dessa crise associada a acumulação ampliada do capital. Observa-se que a crise venezuelana, fortalecida sobretudo através da ofensiva do capital, tem desencadeado um processo de mobilização forçada da força de trabalho venezuelana, que emigra de seu país na busca de garantir sua própria sobrevivência através da exploração de sua mais-valia em um contexto de precarização das condições de trabalho na periferia capitalista.

In this research, we aim to understand the complex Venezuelan migratory process to Brazil in the recent period, triggered mainly from the mid-2010s, having as a guiding thread an analysis based on the criticism of the capitalist mode of production and its process of expanded accumulation – through territorial expansion – on new spaces to be incorporated into the dynamics of capital reproduction, a process that has intensified and can be observed through capital's offensive on Latin America and, particularly, on Venezuela in recent years. Guided by these assumptions, we seek to understand how the Venezuelan migratory movement to Brazil is related to the context of structural crisis of capitalist sociability that has worsened from the last decades of the 20th century and the first decades of the 21st century and how Venezuelan migration configures as a process of spatial mobilization of the immigrant labor force resulting from this crisis associated with the increased accumulation of capital. We can observe that the Venezuelan crisis, strengthened above all through the capital's offensive, has triggered a process of forced mobilization of the Venezuelan workforce, which emigrates from their country in search of guaranteeing their own survival through the exploitation of their surplus value in a context of precarious working conditions in the capitalist periphery.