Tesis
Tem barulho nesse emaranhado: ensaios sobre música, poder e subjetividade e proposição das linhas de audibilidade para análise de dispositivos sonoro-musicais
Fecha
2020-03-06Registro en:
000930344
33004048021P6
Autor
Lima, Elizabeth Maria Freire de Araújo [UNESP]
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Institución
Resumen
A presente tese visou produzir uma análise teórico-reflexiva sobre alguns dispositivos sonoro-musicais, sua historicidade e seus desdobramentos no contexto de suas articulações com o poder e a subjetividade. A partir da cartografia das diversas linhas destes dispositivos, buscamos forjar teoricamente uma linha de audibilidade como proposição conceitual necessária para a análise dos aspectos musicais e sonoros envolvidos naqueles. Foram investigados os atravessamentos históricos, científicos e socioculturais da experiência musical e sonora do sujeito em instituições determinadas e em variados locais e períodos. No primeiro ensaio, foi estudado o método e o referencial teórico que orienta esta pesquisa, a saber, a noção de dispositivo em Foucault, Deleuze e Agamben e sua articulação com a arqueogenealogia como inspiração metodológica e com o campo das músicas e sonoridades. O segundo ensaio se propôs a pensar o uso da música nas formas de tratamento medievais e renascentistas da loucura, tal como se apresentam em uma obra foucaultiana. O terceiro ensaio realiza o debate acerca da relação entre dois dispositivos – música e linguagem – como se poderia descrever os jogos de força que se estabelecem entre eles, produzindo enunciados adotados em diversas ciências que se utilizam da música para finalidades sociais, clínicas, políticas. O quarto ensaio discute sobre a audibilidade como recurso especializado das clínicas psicoterapêuticas e musicoterapêuticas, enfatizando alguns conceitos cruciais que fundamentam a Psicanálise e algumas abordagens e práticas da Musicoterapia. O quinto ensaio trabalha a articulação entre o campo sonoro-musical e o poder na produção de subjetividades a partir de tecnologias institucionais como a panausculta, panáudio, panótico e pámphonos nos contextos do poder disciplinar e de regulação e o uso da música em contexto beligerante e de tortura no estado de exceção como governo. Por fim, sintetizamos a noção de audibilidade elaborada ao longo do texto, na tentativa de produzir considerações que melhor delimitem a dimensão de análise tecida por nós, para tornar audíveis o intensivo e o sensível como forças inaudíveis nos dispositivos. The present thesis aimed to produce a theoretical-reflective analysis on some sound-musical devices, their historicity and their consequences in the context of their articulations with power and subjectivity. From the cartography of the different lines of these devices, we seek to theoretically forge a line of audibility as a necessary conceptual proposition for the analysis of the musical and sound aspects involved in those. The historical, scientific and sociocultural crossings of the subject's musical and sound experience were investigated in specific institutions and in different places and periods. In the first essay, the method and the theoretical framework that guides this research were studied, namely, the notion of device in Foucault, Deleuze and Agamben and its articulation with archeogenealogy as methodological inspiration and with the field of music and sounds. The second essay set out to think about the use of music in the medieval and Renaissance forms of treatment of madness, as they appear in a Foucauldian work. The third essay discusses the relationship between two devices - music and language - how one could describe the power games that are established between them, producing statements adopted in various sciences that use music for social, clinical, political purposes. The fourth essay discusses audibility as a specialized resource of psychotherapeutic and music therapy clinics, emphasizing some crucial concepts that underlie Psychoanalysis and some approaches and practices of Music Therapy. The fifth essay works on the articulation between the sound-musical field and power in the production of subjectivities based on institutional technologies such as panausculta, panáudio, panotic and pámphonos in the contexts of disciplinary power and regulation and the use of music in a belligerent context and of torture in the state of emergency as a government. Finally, we synthesize the notion of audibility elaborated throughout the text, in an attempt to produce considerations that better delimit the dimension of analysis woven by us, to make the intensive and the sensitive audible as inaudible forces in the devices.