Tese (Doutorado)
Uma missivista no Rio da Prata: tradução comentada e anotada de cartas de Mariquita Sánchez
Fecha
2022Autor
Oliveira, Claudio Luiz da Silva
Institución
Resumen
A presente pesquisa tem como principal objetivo traduzir do espanhol para o português brasileiro uma seleção de cem cartas escritas por Mariquita Sánchez entre os anos de 1804 e 1868. Ela nasceu na Argentina no início do século XIX e viveu mais de uma década exilada no período em que Juan Manuel de Rosas esteve no poder pela segunda vez (1835-1852). Apesar de não ser uma escritora, no sentido canônico da palavra, escreveu diversas cartas a personalidades públicas da sociedade portenha, devido a sua condição social e seu nível de letramento, interagindo também no meio político, mesmo que este, em geral, fosse restrito aos homens. O processo de tradução, pautado na teoria da tradução ilusionista de Jirí Levý (2011a, 2011b), nos fizeram refletir sobre as tomadas de decisões necessárias para que o leitor tivesse a ?ilusão? de estar lendo as cartas escritas por Mariquita, as quais não são apenas de questões de ordem linguística, mas também culturais. Apontamos ainda como objetivo secundário a disponibilização de um corpus epistolar inédito traduzido para a língua portuguesa, que pode favorecer críticas de tradução e análises linguísticas em uma perspectiva diatópica e diacrônica. Propomos análises epistolares, descrevendo o estilo de escrita de Mariquita e os assuntos tratados com os seus correspondentes, além de comentários à tradução, com base em estudos teóricos da área como Rónai (2012), Schleiermacher (2007) e Venuti (1995). Concluímos que Madame Mendeville, como também ficou conhecida, utilizava as cartas para mitigar os efeitos causados pela distância dos seus amigos e familiares no exílio, assim como para estabelecer relações sociais e políticas. Abstract: The following research has as its main purpose to translate from Spanish into Brazilian Portuguese a selection of one hundred letters written by Mariquita Sánchez between the years 1804 and 1868. The author was born in Argentina in the early nineteenth century and lived for more than a decade in exile during the period in which Juan Manuel de Rosas was in power for the second time (1835-1852). Although she was not a writer, in the canonical sense of the word, she wrote several letters to public people from Buenos Aires, due to her social position and level of education, also interacting in the political context, even when this area was usually restricted to men. The translation process, based on the illusionist translation theory by Jirí Levý (2011a, 2011b), prompted us to reflect about the translation decisions that are required so that the reader has the \"illusion\" to be reading the letters written by Mariquita, decisions that are not only linguistic, but also influenced by cultural issues. We also present as a secondary objective the production of an unpublished epistolary corpus, translated into Portuguese, which can support translation criticism and linguistic analyses from a diatopic and diachronic perspective. We propose epistolary analyses, describing Mariquita's writing style and the topics addressed with her correspondents, as well as comments on the translation, based on theoretical studies of the area, such as Rónai (2012), Schleiermacher (2007) and Venuti (1995). We conclude that Mariquita Sánchez, also known as Madame Mendeville, used letters to mitigate the effects caused by the distance from her friends and family while she was in exile, as well as to establish social and political relationships.