Dissertação (Mestrado)
Nas trincheiras do proibicionismo: a fabricação de masculinidades criminalizáveis
Fecha
2020Autor
Meinhardt, Yanaê Maiara
Institución
Resumen
Este estudo busca compreender como o proibicionismo de drogas se articula para a criminalização de homens negros, engendrando o que proponho chamar de masculinidades criminalizáveis. Essa noção compreende uma experiência racializada de gênero produzida através dos processos de criminalização, frente ao encarceramento em massa e genocídio de populações negras e periféricas, articulados pela Guerra às Drogas por meio da identidade do homem negro objetivada no corpo traficante como o inimigo em comum do Estado-nação. A análise é pensada através da relação entre raça, gênero e drogas a partir da invasão colonial europeia de Abya Yala no século XV. Desse modo, compreendo o proibicionismo de drogas como paradigma colonial que rege a atuação necrobiopolítica do Estado sobre um determinado conjunto de corpos, operando um lado visível e um lado invisível. O primeiro se refere à consolidação de um paradigma proibicionista de drogas hegemônico no Ocidente, compactuado no século XX sob a coordenação da ONU e financiamento dos Estados Unidos da América. O segundo se refere às relações que antecederam este empreendimento e às ficções coloniais que orientam sua operacionalização a partir do século XX, quando as premissas desse paradigma entram em vigor. Para essa compreensão, proponho uma perspectiva antiproibicionista kuir, tanto como ótica de análise quanto ferramenta para sabotar a colonialidade, visibilizando a performatividade engendrada com a necrobiopolítica proibicionista que condiciona o campo de aparecimento e reconhecimento de identidades na era da Guerra às Drogas. Assim, argumento que o proibicionismo de drogas produz o inimigo que se propõe a combater, através da fabricação de masculinidades criminalizáveis. Abstract: This paper aimed at understanding how prohibitionism articulates the criminalization of black men, producing what i propose to call criminalizable masculinities. This idea involves a racialized experience of gender produced through the processes of criminalization, in a context of mass incarceration and genocide of black and peripherical populations, promoted by the War on Drugs by means of a drug dealer indentity as the common enemy of the Nation-state. The analysis stems from the relation between race, gender and drugs since the european colonial invasion of Abya Yala in the XVth century. In this sense, i understand prohibitionism as a colonial paradigm that orients the necrobiopolitical performance of the State over a specific group of bodies, operating both a visible and an invisible side. The first refers to the consolidation of a hegemonic prohibitionist paradigm on drugs in the West, conlluded in the XXth century with the financing of the United States and the UN strong support. The second refers to the relations that preceded this phenomenon and the colonial fictions that oriented its operationalization since the XXth century, when the premises of this paradigm come into effect. For this comprehension i propose the adoption of a kuir anti-prohibitionist perspective as an analysis standpoint as well as a tool to sabotage coloniality, highlighting the performativity engendered within the prohibitionist necrobiopolitics as a condition to the emergence and recognition of identities in the context of the War on Drugs. Therefore, I argue that prohibitionism itself produces the enemy that it is supposed to fight, through the fabrication of the criminalizable masculinities