Tese (Doutorado)
Das interpretações sobre o ser humanos aos processos de (des)humanização no jornalismo
Fecha
2020Autor
Valentini, Géssica Gabrieli
Institución
Resumen
O jornalismo pode desumanizar? Embora o processo de produção seja realizado por pessoas e para pessoas, esta pesquisa parte da suspeita de que o tratamento dado às fontes, ao público e, muitas vezes, aos próprios jornalistas, pode conduzir a narrativas desumanizadas e/ou desumanizadoras, que ultrapassam limites éticos e morais. Na formação da identidade, pessoal e coletiva, os caminhos da história da humanidade fizeram com que antropólogos e outros cientistas criassem classificações de acordo com características biológicas ou sociais, como cor de pele ou local de nascimento. Essas valorações afetaram o olhar de cada um sobre si e também sobre os outros, ora o considerando como superior, ora inferior, de acordo com cada construção cultural. Como desumanização entendemos qualquer tratamento que comprometa a dignidade humana, que não trate o outro com igualdade, [?] sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição, como detalha o Artigo 2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). Se as relações estão desumanizadas, a Imprensa, enquanto instituição, é parte do mesmo sistema social que a serve e pode refletir tais características. Os produtos jornalísticos podem reproduzir as mazelas, estigmas e violências dessa sociedade. No entanto, também podem exercer uma potência ético-educativa para produzir narrativas humanizadas e humanizadoras e contribuir para o processo de humanização da sociedade. Esta é a hipótese desta tese, que traz como consequência o seu objetivo geral: compreender os processos de desumanização e humanização no Jornalismo, promovendo a discussão sobre as suas causas e consequências e, por conseguinte, elencar as possibilidades de humanização no pensar e no fazer jornalísticos. Para concretizar tais objetivos foi necessário investigar o que é o ser humano, assim como perscrutar os processos de desumanização, recorrendo a obras nas áreas de saúde, direito, antropologia, ciências sociais (MORIN, 1999, 2005, 2006; SANTOS, 1999, 2002, 2007; RUSSELL, 1977), entre outras. No campo do Jornalismo, a tese se debruça em escritos de autores que vão além dos aspectos normativos, mas compreendem o Jornalismo como meio de transformação social (MEDINA, 1988, 1999, 2003, 2008, 2016; CORNU, 1994). Para avaliar o material empírico, foram utilizados os procedimentos da Análise Pragmática e Cultural da Narrativa (Motta, 2007, 2016). Com o arcabouço teórico e as análises, chegamos a considerações finais importantes, entre elas a de que a humanização ou a desumanização não estão diretamente relacionadas à distância ou proximidade física, mas à abordagem. No caso do jornalismo, podemos humanizar em uma entrevista por telefone e desumanizar em reportagens presenciais. Como alternativa, trazemos reflexões sobre a empatia e a tríade proposta por Medina (1999): técnica, ética e estética. Abstract: Can journalism dehumanize? Although the production process is carried out by people and for people, this research is based on the suspicion that the treatment given to sources, the public and, often, journalists themselves, can lead to dehumanized and / or dehumanizing narratives, which go beyond limits ethical and moral. In the formation of identity, both personal and collective, the paths of human history have led anthropologists and other scientists to create classifications according to biological or social characteristics, such as skin color or birthplace. The consequences constitute the social imaginary and lead to dehumanizing behaviors: prejudice, slavery, social exclusion, among many other forms of violence. As dehumanization we mean any treatment that compromises human dignity, that considers the other as inferior or superior, that is, does not treat him equally, [?] without distinction of any kind, whether of race, color, sex, language, religion, political or other opinion, national or social origin, wealth, birth, or any other condition, as detailed in Article 2 of the Universal Declaration of Human Rights (1948). If relations are dehumanized, the press, as an institution, is part of the same social system that serves it and can reflect these characteristics. Journalistic products can reproduce the ills, stigmas and violence of that society. However, it can also exercise an ethical-educational power to produce humanized and humanizing narratives. It can contribute to the humanization process of society. This is the hypothesis of this thesis, which has as its consequence its general objective: to understand the processes of dehumanization and humanization in Journalism, promoting the discussion about its causes and consequences and, therefore, listing the possibilities of humanization in thinking and doing journalistic. To achieve these objectives, it was necessary to investigate what the human being is, as well as to investigate the processes of dehumanization, using works in the areas of health, law, anthropology, social sciences (MORIN, 1999, 2005, 2006; SANTOS, 1999, 2002 , 2007; RUSSELL, 1977), among others. In the field of Journalism, the thesis focuses on writings of authors that go beyond normative aspects, but understand Journalism as a means of social transformation (MEDINA, 1988, 1999, 2003, 2008, 2016; CORNU, 1994). To evaluate the empirical material, the procedures of the Pragmatic and Cultural Analysis of the Narrative were used (Motta, 2007, 2016). With the theoretical framework and analyzes, we arrived at important final considerations, such as that humanization or dehumanization is not directly related to distance or physical proximity, but to the approach. In the case of journalism, we can humanize in a telephone interview and dehumanize in face-to-face reports. As an alternative, we bring reflections on the empathy.