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Notificações de maus-tratos em um hospital infantil de Florianópolis: Avaliação do perfil epidemiológico e sua relação com o desfecho em fraturas
Fecha
2021-06-23Autor
Romão de Andrade, Janaína
Institución
Resumen
Introdução: A violência contra a criança e o adolescente é historicamente estrutural e pode
desencadear traumas físicos e psicológicos. Dentre os achados de maus-tratos mais comuns
estão as lesões de tecidos moles e fraturas ósseas, que devem ser investigadas a fim de tratar a
criança adequadamente e prevenir novos casos de agressões.
Objetivo: Analisar e descrever os casos suspeitos ou confirmados de maus-tratos infantis que
tem potencial para desfecho em fraturas.
Método: Estudo das notificações do Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(SINAN) de um centro pediátrico de referência no Sul do Brasil, associado à pesquisa
individual em cada um dos prontuários das vítimas, no período compreendido entre janeiro de
2016 e dezembro de 2020. Foram avaliadas variáveis relacionadas aos perfis da vítima e do
autor, tipologia de maus-tratos, presença de fraturas, localização anatômica das mesmas e
óbito. Para verificar os fatores associados com a presença de fratura foi utilizada regressão
logística ajustada para sexo e idade, expressa em razão de chance (RC) e seus respectivos
IC95%. Foi considerado significativo p < 0.05.
Resultados: No período, foram computados 276 casos, a maioria de lactentes (73, 26,4%), do
sexo masculino (151, 54,7%), com autoria dos maus-tratos por parentes/conhecidos (245,
96,0%), sendo que 85 (31,5%), apresentaram fraturas decorrentes da agressão sofrida.
Ocorreram 85 casos com desfecho de fraturas ósseas (31,5%) e 5 com desfecho em óbito
(1,9%). Os fatores associados a presença de fratura foram: idade da vítima (menor de dois
anos; n=82; RC 2,48; IC 95%: 1,45 - 4,25), ter mais de dois agressores envolvidos na
violência (n=144; RC 2,09; IC 95%: 1,16 - 3,75), o meio ser trânsito/acidente automobilístico,
(n=52; RC 2,65; IC 95%: 1,04-6,75), presença de consulta com ortopedista (n=91; RC 6,77 /
IC 95%: 3,66 – 12,51), e necessidade de intervenção cirúrgica (n=15; RC 36,72; IC 95%: 8,22
– 164,03).
Conclusões: Conhecendo-se o perfil das crianças e adolescentes vítimas de maus-tratos, o dos
autores e a caracterização dos maus-tratos que são passíveis de causar fraturas, foi ressaltada a
importância da suspeição e identificação precoce da agressão, o preenchimento correto das
notificações, para que o sistema de garantia de direitos seja acionado e medidas de
afastamento do agressor sejam tomadas e a educação para prevenção desse agravo.