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Relevância e argumentação: aproximações teóricas que desvelam uma comunicação estratégica
Registro en:
10.3895/rl.v23n41.7375
Autor
Messias, Patrícia Fernandes de
Resumen
A Pragmática, enquanto área de estudo, esclarece como se dá a comunicação e os princípios que a regulam (conjunturando a interação entre os indivíduos) e as teorias aproximadas neste ensaio têm uma linha de pensamento oriunda da reformulação gerada pela Guinada Pragmática. Isso as diferencia do paradigma da análise estrutural e abstrata, que vigorou na primeira fase da Virada Linguística da Filosofia, centrado no estudo de superfícies de enunciados, do que derivou uma visão mais formal. A SPERBER & WILSON (2005) cabe a explicação precisa e empiricamente plausível do que governa a fronteira entre expressão e o reconhecimento de intenções. A teoria deles aponta para uma inclinação natural humana em atribuir Relevância a significados, num desdobramento interpretativo da teoria original de GRICE (1967). Já a PERELMAN (1976) cabe a descrição da Argumentação como atividade que se dimensiona conforme os papéis sociais dos envolvidos (os interlocutores constituídos intersubjetivamente). Os traços que aproximam esses constructos teóricos vão além da fuga ao descritivismo superficial que marcou a primeira fase da Virada Linguística e são, neste ensaio, problematizados. Este ensaio apresenta aproximações teóricas entre a Teoria da Relevância, de Sperber & Wilson (2005), e a Teoria da Argumentação, de Perelman (1976), explicando, ao seu final, em que medida esses constructos, juntos, podem fomentar uma visão sobre comunicação estratégica. Aqui, defende-se que eles se harmonizam quanto à concepção basilar de linguagem e no que diz respeito à compreensão das particularidades dos usos linguísticos em contextos específicos, bem como se considera que a Teoria da Relevância se propõe a diluir a fronteira entre intenções e compreensão, harmonizando-se com a ideia de Argumentação como estratégia de linguagem que visa à consecução de acordos através da defesa de pontos de vista. Então, acredita-se que, por não haver incomensurabilidades entre ambas as teorias e pelo fato de elas se inclinarem ao viés da conciliação entre comunicadores/oradores e audiência/auditório, elas podem, juntas, servir à compreensão de como se promove essa comunicação estratégica. Assim, em busca de se apresentar aspectos que aproximam tais constructos, foi feito um recorte histórico que ilustra o surgimento dessas abordagens, bem como se procedeu a uma descrição sucinta das suas particularidades, para, ao fim, serem apontadas as similaridades entre ambas, que tornam possível se compreender como elas, somadas, elucidariam uma comunicação estrategicamente inclinada à manutenção de acordos. Esta reflexão é importante porque da aproximação entre essas teorias insurge mais uma maneira de descrição e análise de usos da linguagem, mediante a consideração da complexidade da interação.