O trabalho enfoca narrativas sobre a criminalidade publicados na editoria de polícia da mídia impressa de Salvador, Brasil. Estabelece comparações entre o noticiário do crime e as estatisticas criminais, discutindo o crescimento da violência na cidade. Destaca as modalidades de crimes prevalentes na área metropolitana de Salvador, distinguindo os delitos praticados por delinqüentes pobres dos cometidos pelos agentes do crime organizado. Combase numa amostra estatistica das matérias veiculadas no ano de 1996, trabalhadas com a ajuda do programa Nud*st, o estudo aponta que o foco do noticiário recaí sobre a criminalidade de rua, a que mais vitimiza e, portanto, suscita condena í§ ío por parte da sociedade. O trabalho analisa a lógica de elabora í§ ío das páginas de policía, mostrando que o imperativo comercial da imprensa, de impactar a opini ío pública para lograr contratos com anunciantes, é permeado pela negocia í§ ío entre jornalistas e chefes de policía. Devido a relações vantajosas para ambas as partes, os repórteres se convertem em porta-vozes da policía, deixando-se “possuir”™ peto ethos da corpora í§ ío policial, reproduzindo o jarg ío, popularizando as técnicas e, frequentemente, justificando a brutalidade policial. Usando e abusando de fotografias de suspeitos e culpados, disposta a revelar, tal como a própria policía, os nomes e endere í§os dos denunciantes, arrogante na identifica í§ ío dos bairros populares como santuários do crime e cruel na propaga í§ ío de rótulos para aqueles que caíram nas malhas do sistema penal, a editoria policial é parte do problema da criminalidade urbana. Conclui-se que a mídia impressa opera, ainda que possa divergir da policía, como urna inst í¢ncia de controle social que ao tempo que legitima o combate á criminalidade de rua, amplia a vitimiza í§ ío indireta, intensifica o medo e dramatiza a impotência social para controlar a violência urbana.