info:eu-repo/semantics/article
Animals, monsters and freaks: the "political zoology" during the building of Brazilian Empire
Animais, monstros e disformidades: a "zoologia política" no processo de construção do Império do Brasil
Autor
Morel, Marco
Institución
Resumen
Metaphors and images using animals, monsters and human body deformations, with their particularities and diversity, are part of a vast phenomenon, since it covers the whole human history, and not just one particular moment of our civilization or nationality. Without losing this perspective of sight, the article aims a historical approach: how these images were present in the debates and in the political vocabulary of the Brazilian elite that was active in Rio de Janeiro between the years 1820 and 1840 amidst the process of independence, of consolidation of the national state, of transformation of the public spaces and affirmation of a cultural policy based in the principles of modernism and constitutional liberalism. The opinative press is taken as a source and place of production of this kind of image. In this "zoology" of the political vocabulary, there were attempts of "animalization", through metaphors that aimed to disqualify the opponent, presenting him as an irrational being, i.e., without a reasoning process that could legitimate his political behavior. All this was directed towards a diversified social and political field that comprised republicans, exhalted liberals, slaves and former slaves, among others. The monarchists, seen as followers of despotism, in their turn, were associated with monsters, with abnormal human beings and, with less frequency, with animals. Located in this "founding" epoch and marked by the fixed (and not evolutionist) paradigm of the Natural Sciences, these images were able to help in the understanding the traces of the so called long lasting mental structures that play an important role in the formation of the identity and the social relations of the Brazilian society of that time. As metáforas e as diferentes imagens que utilizam animais, monstruosidades e deformações corporais humanas, com suas particularidades e diversidades, fazem parte de um fenômeno vasto, na medida em que engloba toda a trajetória humana, e não apenas um momento de nossa própria civilização ou nacionalidade. Sem perder de vista tal perspectiva, o artigo tem por objetivo fazer uma abordagem histórica específica: examinar como tais imagens se faziam presentes nos debates e no vocabulário político das elites brasileiras dos anos 1820-1840 que atuavam no Rio de Janeiro, no âmbito do processo de independência, de consolidação do Estado nacional, de transformação dos espaços públicos e de afirmação de uma cultura política baseada nos princípios da modernidade e do liberalismo constitucional. A imprensa de opinião é usada como fonte e lugar de produção desse tipo de imagem. Na "zoologia" do vocabulário político havia tentativas de animalização, através de metáforas que visavam a desqualificar o adversário, apresentando-o como irracional, isto é, desprovido de uma razão que legitimasse suas condutas políticas. Essas metáforas eram dirigidas a um campo político e social heterogêneo englobando republicanos, liberais exaltados, escravos e mestiços livres, entre outros. Os monarquistas, vistos como partidários do despotismo, por sua vez eram associados aos monstros, aos seres humanos deformados, e menos freqüentemente aos animais. Situadas nesta época "fundadora" e marcadas pelo paradigma fixista (e não evolucionista) das ciências naturais, tais imagens podem ajudar a compreender traços das estruturas mentais ditas de longa duração, que participam da conformação da identidade e das relações sociais da sociedade brasileira.