Dissertation
A atuação das ONGs de defesa do consumidor na promoção da alimentação saudável: um embate com a indústria de alimentos no Brasil
Fecha
2018-07Autor
Soares, Simone de Carvalho
Institución
Resumen
Este trabalho apresenta uma investigação sobre como as ONGs de Defesa do Consumidor atuam no segmento da alimentação, e as estratégias empreendidas em benefício da maior transparência das marcas dessa indústria no relacionamento com a sociedade brasileira. Três estudos de caso de instituições da sociedade civil organizada são apresentados, todos com características particulares, mas complementares entre si, na condução de suas ações de ativismo e advocacy. A relevância da causa para as ONGs estudadas se justifica pela dimensão que o tema da alimentação saudável vem alcançando globalmente no início do século XXI, estimulado pelos crescentes índices de obesidade da população e o consequente aumento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). A questão ultrapassou o âmbito médico e as agendas de saúde pública, ganhando as rodas de conversa e amplo espaço na grande imprensa, transformando-se em uma das principais bandeiras dos Movimentos dos Consumidores no Brasil. As transformações também são verificadas no comportamento dos consumidores, criando desafios e oportunidades para a indústria de alimentos processados e ultraprocessados, que estão sendo provocadas a mudar seus portfólios, com a adição de produtos com benefícios funcionais e quantidades reduzidas de gordura, sal e açúcar. Em suas estratégias de negócio também estão investindo em marcas e empresas do segmento de saudáveis para acelerar a inserção nesse mercado em expansão. Esses movimentos vêm sendo monitorados pelas ONGs estudadas, dada a ampla oferta de produtos que, de fato, não entregam a saudabilidade prometida e confundem os consumidores em suas escolhas alimentares. O trabalho apresenta ainda evidências de que o hiato existente entre corporações e seus stakeholders é fruto da cisão entre ética e negócios na sociedade contemporânea. Os embates políticos, regulatórios e legais travados pelas ONGs ratificam sua relevância neste contexto e demonstram a importância do diálogo qualificado entre partes interessadas para que a integridade nas relações de consumo seja preservada. This contribution presents an empirical investigation about how consumer organizations work in the food segment, and the strategies undertaken in favor of greater transparency of the brands of this industry in the relationship with Brazilian society. Three case studies of civil society organizations are presented, all with particular characteristics but complementary to each other, in the conduct of their activism and advocacy actions. The relevance of the cause to the NGOs studied is justified by the dimension that the theme of healthy eating has been reaching globally at the beginning of the 21st century, stimulated by the increasing obesity rates of the population and the consequent progression in Non- Communicable Chronic Diseases (NCCD). The issue went beyond the medical field and public health agendas, reaching conversations between friends and wide space in the mainstream press, becoming one of the main topics of Consumer Movements in Brazil. Transformations are also happening in consumer behavior, creating challenges and opportunities for the processed and ultra-processed food industry that are being challenged to change their portfolios with the addition of products with functional benefits and reduced amounts of fat, salt and sugar. In their business strategies they are also investing in brands and companies in the healthy segment to accelerate their insertion in this growing market. These movements are being monitored by the NGOs studied, given the wide range of products that do not deliver the promised health and confuse consumers with their food choices. The findings also demonstrate that the gap between corporations and their stakeholders is a result of the split between ethics and business in contemporary society. The political, regulatory and legal clashes waged by NGOs confirm their relevance in this context and demonstrate the importance of qualified stakeholder dialogue to preserve integrity in consumer relations.