Análise da competitividade de empresas extrativistas brasileiras em mercados internacionais: um estudo de caso

Abstract

No Brasil, as empresas que operam com comércio internacional de peixes ornamentais continentais nativos da região amazônica atuam com extrativismo, isto é, adquirem e comercializam produtos extraídos da natureza sem promover alteração significativa nas suas propriedades elementares. Na década de 1970, o país foi um grande exportador de peixes ornamentais provenientes do extrativismo, entretanto, a partir da década de 1980, a exportação declinou até se estagnar na década de 1990, assim permanecendo até os dias atuais, salvo curtos intervalos de tempo. Nos últimos quatro anos, as empresas brasileiras sofreram fortes perdas no mercado internacional e nacional, enfraquecendo-se a ponto de colocar toda a cadeia produtiva em risco. Essas perdas ocorreram em razão de a indústria ornamental amazônica ter sempre atuado de forma conservadora, especialmente na sua cadeia de produção, buscando encontrar na natureza a sua forma de existência. Também não se atualizou a respeito das tendências de mercado e regulatórias, optando por fazer o mesmo de sempre e apostando que as condições do passado retornariam. Mas o crescimento das pressões internacionais pelo controle da pesca predatória; o enrijecimento das autoridades ambientais brasileiras; o aumento da concorrência através do desenvolvimento da criação em cativeiro de diversas espécies e variedades de peixes amazônicos em países asiáticos e nos EUA; o crescimento da exigência dos consumidores por novidades e a falta de competitividade logística no modal aéreo disponível na região norte do país levaram o setor à lona. Nesse contexto, o presente estudo pretende analisar uma empresa extrativista de comércio de peixes ornamentais amazônicos de água doce e identificar inovações estratégicas que possam provocar a ruptura no seu modelo de negócio, mantendo-a perene nos próximos 10 anos, impulsionando as suas bases de competição – a sua forma de criar, entregar e capturar valor – e indicando caminhos para o desenvolvimento sustentável do setor no Brasil.

In Brazil, companies which operate in the international trade in continental ornamental fish native to the Amazon region, work in an extractivist model, that is, acquire and commercialize products extracted from nature without promoting significant alteration in their elementary properties. In the 1970s, the country was a major exporter of ornamental fish originating from extractivism; however, from the 1980s on, export trade declined until it stagnated in the 1990s, remaining in this condition until the present days, except for brief periods of time. In the last four years, Brazilian companies have suffered substantial loses in the national and international markets, weakening to a point of putting the entire productive chain in risk. These losses occurred due to the fact that the Amazon ornamental industry has always taken a conservative approach, particularly regarding its production chain, seeking to find its form of existence in nature. It has also failed to update its market trends and regulations, opting for doing more of the same and betting that the conditions of the past would return. But the growing international pressure for the control of predatory fishing; the toughening of the Brazilian environmental authorities; the increase in competition through the development of captive-breeding of several species and types of Amazon fish in Asian countries and the USA; the increase in clients’ demand for novelty and the lack of logistic in the air mode available in northern Brazil have taken the industry to the brink of bankruptcy. In this context, the present study aims to analyze an extractivist company in the field of freshwater ornamental fish trade and to identify strategic innovations which might bring the rupture of its current business model, maintaining the perennity of the business for the next 10 years, propelling its basis of competition– its model of creating, delivering and capturing value – and indicating ways for the sustainable development of this field in Brazil.