Dissertation
O Brasil em Armas: os impactos da Primeira Guerra Mundial sobre as relações político-militares brasileiras
Fecha
2019-08-22Autor
Quevedo, Luigi de Freitas Bisso
Institución
Resumen
A Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) abriu o Século XX com um dos conflitos mais mortais travados pela humanidade. Ao final de quatro anos e meio, a guerra deixou o assustador número de aproximadamente 20 milhões de mortos. A “Grande Guerra” dissolveu quatro dos maiores impérios europeus, possibilitou o surgimento do primeiro país socialista da História, enfraqueceu a hegemonia britânica e abriu espaço para que uma das piores epidemias já presenciadas, a Gripe Espanhola, ceifasse um número de vidas equiparável às que foram perdidas nos campos de batalha da Europa. Para sempre atrelada às imagens das trincheiras, ao uso de gases venenosos e ataques de infantaria praticamente suicidas contra ninhos de metralhadoras, a Primeira Guerra Mundial, apesar de o nome sugerir o contrário, é por muitas vezes retratada como um conflito europeu. Até mesmo alguns historiadores acabam por resumir a guerra, principalmente durante a prática do ensino escolar à uma fase de movimento, seguida pela fase de trincheiras e mais uma vez movimento em 1918, uma descrição que na realidade retrata apenas as fases do front ocidental europeu, deixando de fora a realidade das demais linhas de frente na Europa Oriental, nos continentes africano e asiático, nas águas dos oceanos Pacífico e Atlântico e mesmo no litoral da América do Sul. É nessa ausência de percepção sobre a dimensão da Primeira Guerra Mundial que a América Latina, e consequentemente o Brasil, ficam praticamente esquecidos, tanto em sua atuação diplomática e militar, quanto no impacto que o conflito teve sobre a economia, a política, a cultura e mesmo a identidade nacional do continente. Com o intuito de aprofundar os estudos historiográficos sobre o Brasil durante a Primeira Guerra Mundial, a dissertação a seguir abordará os impactos criados pela Grande Guerra sobre a política e sobre as Forças Armadas brasileiras, com o intuito de elucidar o processo de centralização do estado e definição de uma identidade nacional em meio ao conflito mundial. The First World War (1914-1918) opened the Twentieth Century with one of the deadliest conflicts waged by mankind. At the end of four and a half years, the war left the frightening number of about 20 million dead. The "Great War" dissolved four of Europe's greatest empires, enabled the emergence of the first socialist country in History, weakened British hegemony and opened space for one of the worst epidemics ever witnessed, the Spanish Flu, to reap lives comparable to those who were lost in the battlefields of Europe. Forever tied to the images of the trenches, the use of poisonous gases and virtually suicidal infantry attacks against machine gun nests, World War I, although the name suggests otherwise, is often portrayed as a European conflict. Even some historians end up summarizing the war, especially during the practice of school teaching, to a phase of movement, followed by the phase of trenches and again movement in 1918, a description that in reality only depicts the phases of the Western European Front , leaving out the reality of the other front lines in Eastern Europe, the African and Asian continents, the waters of the Pacific and Atlantic oceans and even the South American coast. It is in this absence of perception about the dimension of the First World War that Latin America, and consequently Brazil, are practically forgotten both in their diplomatic and military performance and in the impact that the conflict had on the economy, politics, culture and even the national identity of the continent. With the aim of deepening the historiographical studies on Brazil during the First World War, the following thesis will address the impacts created by the Great War over Brazilian politics and the Armed Forces, in order to elucidate the process of state centralization and the definition of a national identity in the midst of the world conflict.