Dissertação
Violência conjugal: caracterização de mulheres, expressões e consequências para a saúde feminina
Fecha
2016-10-07Autor
Estrela, Fernanda Matheus
Estrela, Fernanda Matheus
Institución
Resumen
A violência conjugal constitui-se um grave problema de saúde pública por conta da morbimortalidade por este agravo e seu impacto sobre a produtividade econômica. Agrava-se a dificuldade de reconhecimento da problemática por parte dos profissionais contribuindo para subenumeração de mulheres que vivenciam o agravo, sendo portanto essencial o preparo profissional para a identificação do o fenômeno. Este estudo teve como objetivos identificar os aspectos demográficos e socioeconômicos de mulheres em situação de violência conjugal bem como conhecer suas expressões e consequências para a saúde feminina. Trata-se de uma pesquisa com abordagem quantitativa, vinculada ao Grupo de Estudos “Violência Saúde e Qualidade de Vida” por meio da pesquisa-ação intitulada “Reeducação de homens e mulheres envolvidos em processo criminal: estratégia de enfrentamento da violência conjugal”, financiada pela Fundação de Amparo à pesquisa do Estado da Bahia, cujo projeto fora aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (n. 877.905). O estudo foi realizado na 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra Mulher localizada no município de Salvador, Bahia, Brasil. Os dados foram coletados dos Formulários de Análise Documental, preenchidos por psicólogas e/ou assistentes sociais durante entrevista com a mulher e calculados as distribuições das frequências. Os dados foram processados no programa STATA. A investigação dos processos registrados em 2014 demostrou que a denúncia da violência conjugal é realizada, na sua maioria, por mulheres com idade entre 25 e 49 anos, negras, solteiras, com filhos, que concluíram pelo menos o ensino médio e que exercem atividades remuneradas, embora com vencimento de até dois salários mínimos. O estudo mostrou ainda que a violência conjugal se expressa nas formas psicológica, moral, patrimonial, sexual e física, esta última por meio do uso da força física e de armas branca e de fogo. A agressão física atinge principalmente a face, a cabeça, o pescoço e membros superiores, trazendo danos como hematomas, lesões de pele, escoriações e fraturas. Outra consequência apontada pelo estudo foi a vivência do agravo e o consumo de substâncias lícitas, como o uso de antidepressivos. Tais achados sinalizam ser esse o perfil de mulheres que já estão sensibilizadas para romper com o ciclo de violência, sendo a denúncia uma das possibilidades. A este público específico, devem ser investidas ações que empoderem às mulheres a não desistir da luta por uma vida livre de violência. Evidencia-se o imbricamento entre saúde e violência e, portanto, a essencialidade do preparo profissional para associar os aspectos clínicos e comportamentais apresentados pelas mulheres à violência a fim de identificar mulheres que vivenciam o agravo e encaminhá-las à serviços de referência.