Dissertation
Papel das interações mediadas pelos receptores de prolactina e glicocorticoide na atrofia tímica que ocorre na infecção experimental pelo Trypanosoma Cruzi
Fecha
2011Registro en:
OLIVEIRA. A. L. Papel das interações mediadas pelos receptores de prolactina e glicocorticoide na atrofia tímica que ocorre na infecção experimental pelo Trypanosoma Cruzi. 2011. 89f. Dissertação (Mestrado em Biologia Celular e Molecular) - Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ, 2011
Autor
Oliveira, Ailin Lepletier de
Institución
Resumen
No curso das doenças infecciosas, os circuitos neuroendócrinos e imunes atuam em
conjunto facilitando a resposta do hospedeiro. Alterações no eixo hipotálamo-hipófise-
adrenal são frequentemente associadas a infecções, como as causadas pelo
Trypanosoma cruzi, o agente etiológico da doença de Chagas. Durante a fase aguda
da infecção por T. cruzi, a ação pró-apoptótica de glicocorticóides (GC),
sistemicamente aumentados, sobre timócitos CD4+CD8+ (DP), resulta em atrofia
tímica. Recentemente, nosso grupo demonstrou expressão alterada de prolactina
(PRL), um outro hormônio relacionado ao estresse, durante a infecção por T. cruzi.
Com base no conhecimento das ações imunomoduladoras de PRL, como a proteção
de timócitos da apoptose induzida por GC, pretendemos no presente estudo investigar
uma possível função da ativação cruzada entre os receptores intratímicos de PRL e
GC (PRLR e GR, respectivamente) no desencadeamento da atrofia tímica induzida por
T. cruzi. Observamos um circuito intratímico específico de modulação de ambos os
hormônios durante a infecção experimental por T. cruzi em camundongos adultos
jovens. Enquanto os níveis plasmáticos de PRL e GC apresentaram-se aumentados
no início da fase aguda da infecção, quando o processo de atrofia tímica é instaurado,
os níveis intratímicos desses hormônios diminuíram, restabelecendo-se
posteriormente aos níveis fisiológicos do controle não-infectado. Paralelamente,
variações da expressão intratímica de PRLR e GR, ocorreram em acordo com a
modulação local de seus ligantes. No início do processo de atrofia tímica, quando
muitas células DP estão entrando em apoptose, observamos aumento da expressão
de GR e diminuição de PRLR. Em um segundo momento, durante a fase mais tardia
da infecção experimental por T. cruzi, houve restabelecimento da expressão gênica de
ambos os receptores nessas células. Nessa fase, quando o processo de morte celular
encontra-se estabilizado e somente algumas células aparentemente mais resistentes à
ação pró-apoptótica de GC sobreviveram, observamos aumento da proteína Bcl-xl, um
importante fator anti apoptótico induzido por PRL. Em acordo com esses achados,
utilizando-se um modelo de indução de apoptose in vitro, verificamos maior
Suscetibilidade de timócitos à morte induzida por GC nos períodos iniciais da infecção,
bem como aos efeitos protetores de PRL, o que não foi observado na fase mais tardia
da infecção. Tomados em conjunto, nossos dados apontam para uma função cruzada
(cross-talk) entre PRLR e GR intratímicos, e que seria responsável pela manutenção
da homeostasia tímica. Nesse sentido, alterações desse circuito podem contribuir para
o processo de atrofia tímica característico da fase aguda da infecção pelo T. cruzi.