Dissertation
Avaliação da capacidade infectiva do vírus zika sobre hepatócitos e células estreladas hepáticas em estudos in vitro
Fecha
2021Registro en:
LUCENA, Jéssica Paula.. Avaliação da capacidade infectiva do vírus zika sobre hepatócitos e células estreladas hepáticas em estudos in vitro. 2021. 106 p. Dissertação, (mestrado)-Instituto Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2021.
Autor
Lucena, Jéssica Paula.
Institución
Resumen
As doenças hepáticas crônicas, de diversas etiologias, têm em comum a inflamação crônica hepatocelular que pode levar ao desenvolvimento da fibrose. Por se tratar de morbidades com prevalência mundial, as hepatopatias crônicas são doenças de base em pacientes acometidos pelas mais variadas patologias, a exemplo de casos descritos de infecção por flavivírus com acometimento hepático ocorridos durante epidemias. O vírus Zika é um flavivírus e apesar de ter sido descrito pela primeira vez em 1947, tornou-se um problema de saúde pública devido a sua implicação na síndrome congênita e de Guillain-Barré. A patogênese viral e possíveis efeitos sinérgicos em comorbidades precisam ser elucidados. O objetivo desse trabalho foi avaliar se o ZIKV é infecta hepatócitos e células estreladas hepáticas, alterando o processo de reparo hepático. Para tal, as linhagens celulares GRX, LX-2, HepG2 e Vero foram infectadas por ZIKV na multiplicidade de infecção (MOI) de 0,1. Na curva de crescimento viral one step foram observados as 12, 24, 48, 72, 96 e 120 horas após infecção. A produção da progênie viral foi determinada por titulação pelo método de TCID50 em células Vero. Também foi feita uma curva de viabilidade avaliando 24, 72 e 120 h após infecção, na qual foi observada perda de viabilidade severa nas linhagens HepG2 e LX-2. As GRX apresentaram 80% de sobrevivência após 120 h de infecção. A infecção foi confirmada através do Kit molecular ZDC. A citocina TGF-β1 foi quantificada pela técnica de ELISA em sobrenadante de cultura de células infectadas em diferentes intervalos, na qual foi observado aumento nas concentrações da citocina em todas as linhagens, com resposta mais expressiva nas células estreladas, cuja diferença já pôde ser observada a partir de 48 horas. Além disso, citocinas pró-inflamatórias foram quantificadas pela técnica de CBA e foi observada maior produção de IL-8 e IL-6 nas linhagens HepG2 e LX-2 após 2 e 4 dias de infecção, respectivamente. A citocina IL-6 não foi detectada na linhagem GRX, enquanto que IL-8 não demonstrou diferença entre infectada e controle. Na avaliação a nível ultraestrutural foi possível constatar alterações morfológicas, tais quais hipertrofia do retículo endoplasmático associado a vesículas contendo partículas virais e rearranjo dos microtúbulos, avaliados por microscopia eletrônica de transmissão. Além da presença de autofagossomos e corpos lamelares nas células infectadas. Os achados desse trabalho permitem concluir que o ZIKV é capaz de infectar as linhagens avaliadas, causar alterações celulares e levar à perda da viabilidade celular nas linhagens HepG2 e LX-2. A linhagem GRX mostrou-se permissiva à infecção e resistente ao estresse. A infecção viral foi capaz de influenciar o processo de fibrogênese, estimulando da produção de citocinas pró-fibrogênicas e pró-inflamatórias, sugerindo que esse vírus é capaz de descompensar patologias pré-estabelecidas.