Thesis
Interações entre canídeos silvestres, domésticos e pequenos mamíferos não-voadores na rede de transmissão de Trypanosoma cruzi e Leishmania spp. em uma área do cerrado brasileiro
Fecha
2021Registro en:
BRANDÃO, Élida Millena de Vasconcelos. Interações entre canídeos silvestres, domésticos e pequenos mamíferos não-voadores na rede de transmissão de Trypanosoma cruzi e Leishmania spp. em uma área do cerrado brasileiro. 2021. 97 f. Tese (Doutorado em Biologia Parasitária) - Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2021.
Autor
Brandão, Élida Millena de Vasconcelos
Institución
Resumen
Trypanosoma cruzi e Leishmania spp. são parasitas de uma diversidade de mamíferos e insetos hematófagos vetores, que estão imersos em complexos ciclos de transmissão na natureza. Em um agroecossistema, como na região do Limoeiro (Cumari/Goiás), as espécies silvestres, domésticas e humanas compartilham áreas, podendo estabelecer uma estreita rede de interconexões, favorecendo as relações ecológicas, como o fluxo de parasitas entre elas. Além disso, o ambiente com as características ecológicas espaciais da paisagem também pode ter influência nos ciclos de transmissão de parasitas. Nosso objetivo foi analisar, em um recorte espaçotemporal, os encontros e as interações entre canídeos silvestres, domésticos e pequenos mamíferos não voadores como fator de dispersão de T. cruzi e Leishmania spp. em uma área do Cerrado brasileiro. Foram realizadas excursões para a captura de pequenos mamíferos (2013-2015), canídeos silvestres (2013-2017) e domésticos (2014-2017). Foram coletadas amostras de sangue de todos os grupos de animais, amostras de pele, baço e fígado dos pequenos mamíferos e amostras de pele e medula óssea dos canídeos silvestres. Do sangue coletado foram realizados exames a fresco, hemocultivos (NNN/LIT) e uma parte foi centrifugado para obtenção do soro para testes sorológicos (RIFI, ELISA e/ou DPP). Amostras de pele, baço, fígado e medula óssea foram semeadas em meio NNN/Schneider e, com exceção do último, fragmentos de todos os demais tecidos também foram conservados em etanol para diagnóstico molecular por PCR. Análise espacial foi baseada na abordagem da Ecologia da Paisagem, através das métricas da paisagem e do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada, sendo realizada no software QGIS. Foram capturados 558 animais, sendo 283 cães domésticos, 131 canídeos silvestres e 144 pequenos mamíferos. As taxas de recapturas de cães domésticos e silvestres foram de 33% e 15%, respectivamente. A espécie de canídeo silvestre mais capturada foi Cerdocyon thous e a mais recapturada foi Lycalopex vetulus. Gracilinanus agilis foi a espécie de pequeno mamífero mais abundante e a única com potencial infectivo frente à infecção por T. cruzi (7/70; 10%). As taxas de infecção por T. cruzi foram maiores que as de Leishmania spp. em todos os animais investigados e mais predominante no ambiente silvestre. As variáveis ambientais que melhor explicaram a infecção por T. cruzi em pequenos mamíferos e canídeos silvestres foram abundância das espécies, área núcleo, cobertura do solo e grau de proximidade. As características ecológicas espaciais da área demonstraram que a infecção por T. cruzi nesses animais foi mais relacionada a fragmentos de maior tamanho, com formas irregulares e maior grau de proximidade. Uma maior riqueza de espécies de tripanossomatídeos e/ou genótipos de T. cruzi foi encontrada nos pequenos mamíferos que nos canídeos, sendo que canídeos silvestres, domésticos e marsupiais compartilharam a mesma DTU TcIII. Na área, pequenos mamíferos não voadores podem ser fonte de infecção aos canídeos por meio da predação ou servindo de fonte de infecção para os vetores que podem vir a infectar os canídeos. Canídeos silvestres, domésticos e pequenos mamíferos nãovoadores estão envolvidos numa rede sobreposta de transmissão desses parasitas, com conectividade espacial entre si.