Dissertação de mestrado
Elaboração e validação de questionário de frequência alimentar para avaliação da ingestão de potássio em pacientes em hemodiálise
Author
Muniz, Gisselma Aliny Santos [UNIFESP]
Institutions
Abstract
Objetivo: Elaborar e validar um questionário de frequência alimentar (QFA) para
avaliar a ingestão de potássio em pacientes em hemodiálise (HD). Métodos: Trata se de um estudo de corte transversal com amostra por conveniência, realizado com
pacientes com DRC em programa crônico de hemodiálise da Fundação Oswaldo
Ramos – Hospital do Rim, São Paulo, Brasil. O protocolo do estudo consistiu em
duas etapas: elaboração do QFA e validação do QFA. Para elaboração do QFA os
pacientes preencheram registro alimentar de três dias (1 dia de HD; 1 dia sem HD e
1 domingo). A partir dos registros alimentares, foram calculadas a ingestão total de
potássio e de cada alimento ingerido. Os alimentos foram então listados em ordem
decrescente, de acordo com o percentual de contribuição para a ingestão total de
potássio e, aqueles que contribuíram com 90% do consumo total de potássio, foram
considerados para integrar a lista de alimentos do QFA. A porção “média” de
referência dos alimentos foi determinada a partir das porções usuais mais
frequentemente relatadas; com base nela, definiram-se as porções pequena, grande
e extragrande para cada alimento. A etapa de validação foi realizada com um outro
grupo de pacientes em HD da mesma clínica. O QFA elaborado foi aplicado pelo
pesquisador por meio da plataforma google-forms, considerando a semana anterior
à entrevista como referência. O resultado da ingestão de potássio obtida pelo QFA
foi comparado com o obtido pelo registro alimentar. Resultados: Foram incluídos 41
pacientes na etapa de elaboração e 53 na etapa de validação, totalizando 94
pacientes, sendo 53,2% (n=50) mulheres; com idade média 55,7±15,0 anos; 47,9%
(n=45) com diabetes; índice de massa corporal 25,0±4,5 kg/m² e tempo em
hemodiálise 34,5 (17,0-68,2) meses. A ingestão de potássio do grupo todo foi
1.621,3±557,3 mg/dia. A partir dos 255 alimentos registrados, 85 alimentos
compuseram o QFA. Os alimentos que mais contribuíram com a ingestão total de
potássio foram: frutas (15,4%), café (12,2%), feijão (12,1%), carne bovina (8,0%),
pães em geral (6,7%), leite (5,3%), hortaliças cruas (5,2%), frango (4,1%), hortaliças
cozidas (1,7%) e suco industrializado (1,4%). O alfa de Cronbach padronizado obtido
foi 0,71, indicando consistência interna e confiabilidade aceitáveis entre os itens
alimentares do questionário. Na etapa de validação a ingestão de potássio obtida
pelo QFA (1.438,5±659,4) não diferiu da obtida pelo registro alimentar (1.464,8±529,4; p=0,753). O coeficiente de correlação intraclasse entre a ingestão
de potássio obtida pelo QFA e a obtida pela média de três dias do registro alimentar
foi 0,66, (p=0,001). A análise gráfica de Bland-Altman mostrou que não houve viés
sistemático ou viés de proporcionalidade entre os métodos, indicando boa
concordância. Conclusão: O QFA quantitativo elaborado apresentou boa validade
relativa, constituindo uma ferramenta prática na análise da ingestão de potássio de
pacientes em hemodiálise. Objective: To develop and to validate a food frequency questionnaire (FFQ) to
assess potassium intake of patients on hemodialysis (HD). Methods: This is a
cross-sectional study comprised by a convenience sample of patients on
hemodialysis from a single center (Fundação Oswaldo Ramos - Hospital do Rim, São
Paulo, Brazil). The study protocol consisted of two steps: development and validation
of the FFQ. In the FFQ development, the patients completed a three-day food record
(1 day of HD; 1 day without HD and 1 Sunday). Total potassium intake and
potassium from each food item were calculated. Then, food items were listed in
descending order, according to the percentage of contribution to the total potassium
intake and, those that contributed up to 90% of the total potassium intake were
considered to be included in the FFQ food list. The “average” portion considered as
the reference portion was determined by the most frequently reported portion; based
on it, small, large and extra-large portions were defined for each food item. The
validation step was performed with another group of HD patients from the same
clinic. In this stage, the FFQ developed was applied by the researcher through the
google forms platform, considering the week prior to the interview as a reference.
The result of potassium intake obtained by the FFQ was compared with that obtained
by the three-day food record. Results: Forty-one patients were included in the
development step and 53 in the validation step, totaling 94 patients [53.2% (n=50)
women; with a mean age of 55.7±15.0 years; 47.9% (n=45) with diabetes; body mass
index 25.0±4.5 kg/m² and dialysis vintage 34.5 (17.0-68.2) months]. Potassium intake
of the whole group was 1.621,3±557,3 mg/day. From the 255 registered food intems,
85 comprised the FFQ. The food items that most contributed to the total potassium
intake were: fruits (15.4%), coffee (12.2%), beans (12.1%), beef (8.0%), breads in
general (6.7%), milk (5.3%), raw vegetables (5.2%), chicken (4.1%), boiled
vegetables (1.7%) and industrialized juice (1,4%). The standardized Cronbach’s
alpha obtained was 0.71, indicating acceptable internal consistency and reliability
among the food items in the questionnaire. In the validation step, the potassium
intake obtained by the FFQ (1.438,5±659,4) did not differ from that obtained from the
food record (1.464,8±529,4; p=0.753). The intraclass correlation coefficient between
potassium intake from the FFQ and from the average of three-day food record was 0.66 (p=0.001). No systematic bias or proportionality bias was observed in the Bland Altman analysis, indicating good agreement. Conclusion: The quantitative FFQ
presented good relative validity and may constitute a practical tool in the analysis of
potassium intake of patients on hemodialysis.