Dissertação
A criança na cibercultura: brincar, consumir e cuidar do corpo
Fecha
2014-07-25Autor
Menezes, José Américo Santos
Institución
Resumen
O presente trabalho teve como foco de estudos as crianças do início do século XXI, aquelas que nasceram junto às tecnologias digitais e têm seu modo de existência imerso na cibercultura. O estudo empreendido buscou compreender
e analisar, em sua narrativa, as vivências das crianças na cibercultura, em especial, no que se refere ao brincar, ao consumo e às práticas de cuidados corporais. Transitando entre infância e cibercultura enquanto campos teóricos,
abordam-se questões do lúdico, do consumismo e do corpo. A pesquisa caracteriza-se pela abordagem qualitativa de cunho descritivo. Foram realizadas observações, entrevistas e questionários com crianças de 08-11 anos de uma escola da rede privada do município de Aracaju, no intuito de produzir dados, problematizar, discutir e investigar o problema de pesquisa apontado. O estudo suscitou a compreensão de que a forma de nos tornarmos
humanos tem sido radicalmente modificada, no qual as identidades e as subjetividades dos infantis são forjadas em um cenário das tecnologias digitais
em rede, do consumo, do espetáculo, das visibilidades, das mídias, dentre tantas outras dimensões. As crianças envolvidas na pesquisa vivem intensamente o mundo do ciberespaço e, por isso, elas não têm ideia do que seria a falta de acesso à internet. As manifestações de divertimento das crianças acontecem através dos jogos e da interação com o outro no ciberespaço. Embora os jogos representem o grande destaque da manifestação lúdica, quando se fala da relação criança-internet, pude perceber
que a própria interação com o outro se revela um momento de grande prazer e
divertimento. A sociedade da cibercultura aponta para uma realidade fluídica de
espaços concretos e virtuais coexistindo modos de diversão. Quanto às formas
de consumo, diante dos estímulos da web, as crianças aumentaram sua participação inclusive opinam cada vez mais nas compras da família. As crianças escolhem o que querem ver, jogar, vestir, comprar e assim por diante. No tocante aos cuidados corporais, as leituras e observações evidenciaram que a cultura do consumo na qual as crianças estão mergulhadas é indissociável dos corpos das crianças, que incansavelmente tentam a transformação de si próprio. Assumindo esse novo lugar de onde a criança vê e
é vista, acredito que na sociedade da cibercultura inauguram-se modos outros de viver a infância, modos reveladores de que as crianças são produtoras de cultura. Isto é, elas são criadoras legítimas de suas interações, promovendo a ressignificação de suas práticas e saberes e redefinindo, no contexto da cibercultura, sua dimensão de sujeitos ativos e de atores sociais. Por fim, e para além dos matizes e das contradições que sem dúvida existem, a problemática de que tratamos aqui é fruto da situação histórica em que nos encontramos, imersos nesta sociedade globalizada do começo do século XXI, e, portanto, é a partir dela que devemos pensar e agir. ABSTRACT
The present study entitled
Children in cyberculture:
the act of playing,
consuming and the cares with their bodies, develope
d in the
research line
curriculum and (in)formation of PGDE
of
FACED/UFBA
had as its main focus
children in
the beginning of
21
st
century
, those who were born
along with
digital
technologies and are
immers
e
d
in cyberculture.
I
n its narrative
, t
he study t
ried
to understand and analyse
children’
s relationship
with
cyberculture, especially
regarding the act of playing, consuming and practices related to body cares.
Working with
childhood and cyberculture as
t
heoretical fields, ques
tions such as
ludic, consumption
and body
were approached
. The research is characterised
by
a
qualitative approach focused on
a
descriptive
method
.
In this sense,
o
bservations, interviews and questionnaires were carried out with chil
dren from
8 to 11 years old in a private school located in
Aracaju in order to provide data
as well as discuss and examine
the question brought by the research.
Furthermore,
the research
shed light on how the way we are
human beings has
been
radically
chan
ged, in
a sense that
children’s identities and subjectivities
are developed in a scenario of
digital technologies network, consummation,
spectacle, visibilities, media, among others dimen
sions. In this research, the
children
involved
intensively live
the
cyberspace world, a
nd they do not imagine
how the world
would be
without internet.
They have fun when they are in touch
with games and
interacting
with one another in cyberspace. Although those
games are highlighted in their
ludic
manifestation
,
when it is
discusse
d
the
relationship between children
-
internet,
it
could
be
perceive
d
that their interaction
with one another reveals a moment of great pleasure and fun.
Cyber
culture
society points towards a fluid reality of concrete and virtual
coexisting spaces
,
therefore, different forms of fun. Concerning the forms of
consump
tion, taking
into account internet’s stimuli, children in
creased their participation, including
moments such as
giving their opinion in their families purchase
s
. Children
choose what they wa
nt to see, play, dress, buy, and so forth. Moreover,
regarding body cares, the readings and observations evidenced that children
are immersed in a consumption culture
which
is indissociable from
children’s
bodies
,
who
restlessly try t
o change
their own
bod
ies
.
From this new
perspective, wh
ich children see and are seen, I believe that
cyber
culture
society
ha
s inaugurated other forms of living
the childhood, revealing ways
which
children are producing culture. In other words, they are legitimate creators
,
pro
moting re
signification of their practices an
d knowledge, redefining
cyberculture context as well as their dimension as
active subjects and social
actors. At last, beyond those nuances and
contradictions which
undoubtedly
exist,
the problematic which we dea
lt here is the result of a historical situation
where
we live, immersed in
a globalised society of the
beginning
of the 21
st
century
and, hence, it is through it we have to think and act.