Tese
Comprimento telomérico e estado nutricional como fatores de prognóstico na leucemia aguda infantojuvenil
Fecha
2022-08-20Registro en:
GALATI, Paula Cristina. Comprimento telomérico e estado nutricional como fatores de prognóstico na leucemia aguda infantojuvenil. 2022. 114 f., il. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde) — Universidade de Brasília, Brasília, 2022.
Autor
Galati, Paula Cristina
Institución
Resumen
A determinação de fatores prognósticos possibilita identificar as características
de apresentação da Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) e avaliar o tratamento.
Este trabalho buscou analisar o estado nutricional e o comprimento telomérico
como fatores de prognóstico da LLA na população pediátrica.
O primeiro capítulo consistiu em uma revisão sistemática com metanálise, que
investigou o impacto do sobrepeso/obesidade ao diagnóstico no prognóstico da
leucemia aguda pediátrica após o tratamento inicial, por meio de pesquisa em
banco de dados até 22 de janeiro de 2021. Vinte e três estudos foram incluídos,
fornecendo dados de 15.689 crianças e adolescentes com LLA e 2.506 crianças
e adolescentes com leucemia mieloide aguda (LMA). Dados de 12 estudos foram
agrupados na metanálise. Pacientes com sobrepeso/obesidade no diagnóstico
de LLA tiveram pior sobrevida livre de eventos (p = 0,0008), mas nenhuma
diferença na sobrevida global (p = 0,31). Esta revisão sistemática e metanálise
indica que o excesso de peso afeta negativamente o prognóstico de crianças
com LLA.
O segundo capítulo avaliou a trajetória do estado nutricional de crianças e
adolescentes com LLA e a associação do índice de massa corporal (IMC) ao
diagnóstico com a sobrevida livre de eventos e a sobrevida global. Foram
incluídas 208 pacientes de 1 a 18 anos, atendidos no Hospital da Criança de
Brasília José Alencar, sendo que 120 foram acompanhadas por 4 anos. Coletouse dados de idade; sexo; contagem inicial de glóbulos brancos; doença do
sistema nervoso central; protocolo de quimioterapia; classificação de risco da
doença; peso e altura antes do tratamento, após a indução da remissão e ao
final do tratamento; sobrevida livre de evento e sobrevida global. O estado
nutricional foi categorizado em “sem excesso de peso” (baixo peso e eutrófico)
e “com excesso de peso” (sobrepeso e obesidade). Aproximadamente 7% (n =
15) apresentaram excesso de peso e após a indução houve aumento no
percentual desses pacientes (19,7%). O escore-z IMC/I ao diagnóstico, o
protocolo quimioterápico e idade foram preditores do aumento do z-escore IMC/I
após a indução (p <0,05). Não houve associação entre o estado nutricional e os
desfechos clínicos. Sugere-se que pacientes pediátricos com LLA podem se
tonar sobrepeso ou obesos no início do tratamento.
O terceiro capítulo correlacionou o comprimento telomérico relativo de células
mononucleares da medula óssea de crianças e adolescentes com LLA no
momento do diagnóstico com a avaliação de doença residual mínima (DRM) dos
dias 15, 33 e 78 após início do tratamento. Foram incluídas 79 pacientes de 1 a
18 anos, acompanhadas no Hospital da Criança de Brasília José Alencar. O
comprimento telomérico relativo foi avaliado pelo método de qPCR. Os
resultados das DRMs, peso, altura, idade, sexo, contagem inicial de glóbulos
brancos, classificação de risco da doença e sobrevida global foram coletados em
prontuário. Pacientes com DRM negativa no D33 apresentaram comprimento
telomérico maior, quando comparado com aqueles com DRM positiva (p = 0,02),
sendo esta a única preditora de menor comprimento telomérico no momento do
diagnóstico (p = 0,04). Os pacientes classificados como alto risco apresentaram
maior frequência de DRM positiva no D33 (p<0,01). O comprimento telomérico
maior no momento do diagnóstico está associado a um melhor prognóstico,
demonstrando que esta avalição pode ser um potencial fator de prognóstico.