Tesis
Análise da colaboração das indicações geográficas e das marcas coletivas agropecuárias brasileiras na construção de mercados de qualidade
Fecha
2022-01-11Registro en:
SANTOS, Wellington Gomes dos Santos. Análise da colaboração das indicações geográficas e das marcas coletivas agropecuárias brasileiras na construção de mercados de qualidade. 2021. 208 f., il. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural) — Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Santos, Wellington Gomes dos
Institución
Resumen
As Indicações Geográficas (IG) e as Marcas Coletivas são ativos de propriedade
intelectual que se prestam ao serviço da distinção qualitativa dos produtos a partir de sua
origem. Nas IGs, o vínculo destacado é com o seu território geográfico, enquanto para as
Marcas Coletivas ressalta-se a identificação com suas respectivas comunidades
produtoras. Essas características comunicadas por esses signos distintivos são
consideradas atributos valorativos para mercados de qualidade. Neste sentido, o principal
objetivo desta dissertação é entender o papel dos dispositivos de ordenação e coordenação
envolvidos na constituição de mercados de qualidade a partir das Indicações Geográficas
e das Marcas Coletivas agropecuárias brasileiras. Com as contribuições teóricas da
valoração de bens distintivos (ALLAIRE, 2004; ASPERS; BECKERT, 2011;
BECKERT, MUSSELIN; 2013; KARPIK, 2007) e da Economia das Convenções
(ASPERS, 2018; DIAZ-BONE; FAVEREAU, 2019; FAVEREAU, 2019), foi construído
um questionário para um survey com todas as organizações com IGs de produtos
agropecuárias, bem como as organizações que possuem Marcas Coletivas. O cadastro em
internet utilizado para envio dos links dos questionários foi elaborado em LimeSurvey
(websurvey). De forma complementar, foi realizada uma pesquisa documental sobre a
trajetória da institucionalidade desses signos distintivos no Brasil a partir das atuações
das entidades consideradas mais relevantes em nível nacional (INPI, SEBRAE e MAPA).
Ao longo do trabalho, evidenciou-se que com a adesão do Brasil ao TRIPS na década de
1990, as IGs e as Marcas Coletivas surgem como objetos reais de direito possíveis aos
produtores rurais brasileiros. As ações realizadas no país pelas principais instituições
fomentadoras no tema sofreram influência tanto da tradição europeia de IGs quanto do
marco legal e regulatório do acordo TRIPS. Ao se avaliar a trajetória da atuação
institucional do INPI, do SEBRAE e do MAPA na matéria, verificam-se esforços na
promoção desses ativos com significativa expansão dos registros na última década. A
constituição de mercados de qualidade para esses produtos apresenta fragilidades com
relação aos processos ausentes de coordenação institucional. A pesquisa survey sobre as
Marcas Coletivas agropecuárias brasileiras teve baixa participação dos potenciais
respondentes mapeados, inviabilizando, assim, as análises para além da descrição dos
resultados. Os resultados do survey acerca das IGs brasileiras permitiu identificar
encadeamentos pertinentes sobre suas incidências nos mercados. O mercado interno é o
principal destino indicado pelos respondentes para os produtos dessas IGs (85,5%). E a
governança desses ativos mostra-se centrada nas organizações de produtores (80%),
indicando também que o sucesso da IG é altamente dependente de ações coletivas. A
construção do questionário e os resultados do survey revelam, em larga medida, a
validação interna teórica desse tipo de pesquisa, especialmente para as Indicações
Geográficas.