Tesis
Avaliação de tratamentos para Hepatite com Uso de Antivirais de Ação Direta, em Pacientes Monoinfectados e Coinfectados com HIV, Atendidos no Sistema Único de Saúde, no Período de 2015 a 2018
Fecha
2021-11-04Registro en:
VIVALDINI, Simone Monzani. Avaliação de tratamentos para Hepatite com Uso de Antivirais de Ação Direta, em Pacientes Monoinfectados e Coinfectados com HIV, Atendidos no Sistema Único de Saúde, no Período de 2015 a 2018. 2021. 272 f., il. Tese (Doutorado em Medicina Tropical) — Universidade de Brasília, Brasília, 2021.
Autor
Vivaldini, Simone Monzani
Institución
Resumen
Introdução: A hepatite C é um grave problema de saúde pública no Brasil e
no mundo. As novas terapias com antivirais de ação direta (DAA) representam
um grande avanço no tratamento da doença e foram introduzidas no país em
2015. O objetivo deste trabalho foi avaliar a efetividade dos tratamentos da
hepatite C com o uso desses antivirais em pacientes monoinfectados e
coinfectados com HIV, no período de 2015 a 2018. A taxa de resposta
terapêutica positiva é observada após 12 semanas do final do tratamento, por
meio do exame de qPCR-HCV indetectável, que indica a resposta virológica
sustentada (RVS).
Métodos: Foi realizado um estudo de coorte histórica que avaliou a resposta
terapêutica dos tratamentos em um total de 11.308 pacientes em uso de
esquemas terapêuticos compostos por sofosbuvir (SOF), daclatasvir (DCV),
simeprevir (SMV) e associação de ombitasvir, veruprevir/ritonavir e dasabuvir
(3D) com ou sem ribavirina (RBV), evidenciando os resultados de exames de
PCR quantitativo – qPCR (HCV-RNA) para verificar a resposta virológica
sustentada (RVS) após 12 semanas do final do tratamento. Como fontes de
dados, foram utilizadas as bases dos sistemas do Departamento de
Informática do SUS (DataSus/MS) e do Sistema de Gerenciamento de
Ambiente Laboratorial (GAL/MS), no período de 2015 a 2018. Análises de
regressão logística foram realizadas para identificar fatores
independentemente associados à resposta positiva às terapias baseadas em
DAA.
Resultados: Entre os pacientes avaliados, 57,1% eram do sexo masculino;
48,3% referiram ser da raça/cor branca; 78,3% tinham mais de 50 anos; 44,1%
eram da região Sudeste; 47,7% eram do genótipo 1b; e 84,5% foram tratados
por 12 semanas. A taxa de cura, avaliada por tratamento de 12 e 24 semanas,
variou de 95,0% a 95,9%, respectivamente. Em comparação com o sexo
masculino, as pessoas do sexo feminino apresentaram metade da chance
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(OR 0,5; IC 95% 0,4-0,6) de ter uma resposta negativa à terapia, e pessoas
infectadas com genótipos 2 e 3 tiveram 1,5 vez a chance de não atingir a RVS
em comparação com as infectadas com o genótipo 1 (OR 1,5-2,2; IC 95% 0,7-
2,9; e OR 2,7-2,8; IC 95% 2,0-3,8, respectivamente). Pacientes na faixa etária
de 50 a 69 anos tiveram 1,2 vez (OR 1,2; IC 95% 0,7-1,9) a chance de não ter
RVS em comparação com outras faixas etárias; entretanto, esse dado não se
apresentou estatisticamente significativo.
Conclusões: Esta pesquisa é a primeira dessa magnitude a ser realizada em
um país da América Latina. Os dados obtidos representam as 27 Unidades
da Federação do Brasil. Os presentes resultados corroboram outros achados
de estudos internacionais e demonstram que a população brasileira tem altas
taxas de cura. Considerando o Plano de Eliminação de Hepatite C como
problema de saúde pública até 2030, lançado pelo Ministério da Saúde em
2017, é necessário manter a política de tratamento no âmbito da saúde pública
para que o país atinja as metas de eliminação.