Tesis
Reflexividades juvenis : narrativas em movimento pelas ruas da periferia-cidade
Fecha
2020-07-02Registro en:
OLIVEIRA, Suzi Brum de. Reflexividades juvenis: narrativas em movimento pelas ruas da periferia-cidade. 2020. 175 f., il. Tese (Doutorado em Psicologia)—Universidade de Brasília, Brasília, 2020.
Autor
Oliveira, Suzi Brum de
Institución
Resumen
Este estudo tem por objetivo investigar os processos de reflexividade em produção de
significados e constituição do self nas práticas sociais e usos da rua pelos jovens, mediados
por fatores de risco-vulnerabilidade e protetores pessoal-social, em contextos de pobreza. O
deslocamento dos jovens, pelas ruas da cidade, traduz-se em interesse de pesquisa sobre a
movimentação humana em que o ato de caminhar amplia os espaços e fronteiras, concretas e
subjetivas, como condição de expansão do self, formação, resistência e emancipação do
sujeito. Os jovens significam o espaço rua em diferentes modos de socialização e
apropriações, em interpretações de si, nas dinâmicas intersubjetivas. Referencia-se a pesquisa
na psicologia cultural com ênfase nos processos de produção significados e defende-se que
histórias narradas fornecem organização, auto-regulação e sentido ao sujeito. As vivências de
eventos de ruptura biográfica envolvem produção de raciocínio autobiográfico, em dinâmicas
de reflexividade, que podem gerar mudanças de percepção e interpretações de si em
desenvolvimento de coerência temporal, intencional e temática, em sistemas dialógicos, como
habilidade para orientar e regular o eu da experiência, em cronotopos, em desenvolvimento de
autoria de pensamento e emancipação. O estudo enfoca as trajetórias de vida de adolescentes
pobres traçados nos circuitos de bairro de periferia de uma cidade de porte médio, no eixo Rio
- São Paulo. A pesquisa está orientada pela epistemologia qualitativa com foco na narrativa de
história de vida que foram submetidas à análise dialógico-temática. A reflexividade implica
em interpretações ético-estéticas, geradas no entre eu-outro, em cronotopos situados em
diferentes ambivalências, nas trajetórias que indicam maior força ou seu enfraquecimento em
atuações resilientes críticas. Vivências de ruptura autobiográfica que geraram transições
produzem: a) maior grau de reflexividade em desenvolvimento de resiliência crítica, entre
fatores de risco e protetores, avançando na produção de agencialidade, oportunizada por atos
dialógicos de respeito e empatia, e b) menor grau de reflexividade quando em deslocamento
entre cronotopos pouco heterogêneos, orientadas a restrições de recursos culturais.
Reflexividade indicou dependência e independência simultâneas entre subjetividade e
contextos específicos, que em coexistência de vivências de risco e protetoras, ora reforçam
relações de poder desiguais ora o desenvolvimento de agencialidade como possibilidade de
emergência de práticas culturais genuinamente novas. Vivências, em zonas de contato eu-
outro, com qualidade de trocas de perspectivas diferenciam a experiência e integram
enunciados orientadas à auto-regulação e ação criativa direcionadas à um futuro melhor.
Facilitam, portanto, o enfrentamento de situações adversas e imprevisíveis em
desenvolvimento de habilidades relevantes em, por exemplo, saber buscar espaços e pessoas
possíveis em ajudar; reconhecer fragilidades e capacidade de decisão sobre o que promove
bem-estar; ter conhecimento sobre motivos que os limitam ou os impulsionam a caminhos
nem sempre protetivos. O enfrentamento as rupturas ou pontos de virada será mais ou menos
facilitada em desenvolvimento de resiliência crítica quando em segurança de suportes e
recursos culturais e cognitivo-afetivos.