Tesis
A práxis do viver como epistemologia : o saber sentido da/na escola como forma de emancipação da condição humana no viver na terra
Fecha
2016-12-12Registro en:
VIEIRA, Cláudia Moraes da Costa. A práxis do viver como epistemologia: o saber sentido da/na escola como forma de emancipação da condição humana no viver na terra. 2016. 256 f., il. Tese (Doutorado em Educação)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
Autor
Vieira, Cláudia Moraes da Costa
Institución
Resumen
Estudos têm demonstrado a ausência da instituição escolar na trajetória de vida de grupos empobrecidos como o dos catadores de material reciclável. O entrelaçamento de vida pessoal, social e planetária na perspectiva da educação ambiental e ecologia humana podem contribuir para reflexão crítica sobre modos de ser e habitar o mundo nos diversos contextos. O objetivo deste trabalho foi compreender as trajetórias de vida e os processos escolares de estudantes filhos de catadores de material reciclável de uma escola pública do Distrito Federal-DF. Propôs-se o método autoecobiográfico, centrado em oficinas, observação participante e diário de campo, baseando-se na fenomenologia e na hermenêutica para as análises do processo. Participaram 65 estudantes do 4º ano do ensino fundamental com média de idade de 10,75 anos (35 meninas; 30 meninos), sendo 36 residentes na ocupação Santa Luzia e 29 na Estrutural. Pode-se inferir que a sobrevivência e a vivência no Lixão apontam para a degradação humana, socioambiental e do trabalho, ao tempo que assinalam a complexidade do encontro entre precariedade e criatividade. A família é o território das relações afetivas onde trabalho e vida se entrelaçam e define papéis e estratégias de sobrevivência. Já a escola emerge como território de contradição, contrastando as boas lembranças da escola infantil com a percepção de exclusão na escola do presente. Há uma positividade no olhar que supera a lente do cotidiano, revelando o encontro entre pessoas e o verde do entorno do espaço/tempo escolar. No pertencimento ao lugar, em que símbolos, relações e histórias se instituem como elementos fundantes para autobiografias e para a biografia coletiva, lugar e pessoas se constituem mutuamente, revelando percepções ambientais de cuidado, conservação e religação. Sentidos e valores atribuídos à própria realidade contribuem para um olhar positivo e de busca constante por transformação, assim como para formação da identidade de grupo no espaço/tempo da escola. Destaca-se, portanto, a importância da escuta desses estudantes pela escola para a constituição de utopias baseadas em superação, autoeducação, autoconsciência e autonomia como um modo de reconectar a educação escolar à vida.