Tesis
Entre grades e macas: costurando encontros e afetos com as pessoas em cumprimento de medida de segurança na unidade de custódia e tratamento psiquiátrico do Espírito Santo
Fecha
2018-08-27Registro en:
LOPES, P. S. R., Entre grades e macas: costurando encontros e afetos com as pessoas em cumprimento de medida de segurança na unidade de custódia e tratamento psiquiátrico do Espírito Santo
Autor
DZU, R. C. M.
SIQUEIRA, L. A. R.
ALAVAREZ, J. M.
CESAR, J. M.
Institución
Resumen
Os loucos assim como os criminosos são, historicamente, considerados um
risco em potencial à sociedade e por isso mesmo, são por ela excluídos. Mas, e
quando falamos de loucos criminosos? A literatura aponta que essa parcela da
população vem sofrendo por anos com a desassistência em seus direitos
elementares, lançados aos manicômios ou mesmo em presídios comuns sem ao
menos a oportunidade de um tratamento adequado ao seu estado de saúde. Que
determina o curso dessas vidas? Quem são essas pessoas, quais suas
características, suas histórias? Essas indagações nos motivaram a desenvolver a
presente pesquisa que tem por objetivo compreender quais aspectos da vida das
pessoas com transtorno mental que cometeram crimes e estão em cumprimento
de Medida de Segurança no Hospital de Custódia do ES, hoje chamado de
Unidade de Custódia. Nossa aposta no ethos cartográfico e na pesquisa como
acontecimento nos permitiu olhar para os dados dos prontuários e para os
encontros com as pessoas que vivem na instituição de forma a perceber os jogos
de força e as estratégias do poder que orientam nossa percepção acerca dessa
população e também, conduzem suas vidas ao silenciamento e dominação. A
leitura atenta de algumas obras de Foucault, como Vigiar e punir e Infames da
história nos acompanharam no percurso e nos conduziu a um olhar crítico sobre
o processo de construção da noção de louco como indivíduo perigoso, indigno de
fala e existência no espaço social. O louco que ganha visibilidade após o choque
com o poder, que toma essa vida e determina o que será dela. Favret-Saada,
Suely Rolnik e outros contemporâneos nos apresentaram a possibilidade de um
novo olhar para a pesquisa, um modo sensível e sensorial. Dessa forma, fomos
trilhando os caminhos, descosturando e recosturando certezas, conhecendo
histórias e sendo afetada por elas. Nos conduzimos pela via do
acontecimentalizar, percebemos que as histórias contadas/escritas não
correspondiam à história completa daquelas pessoas, que suas existências não
se reduzem ao crime outrora praticado e que os conduziu à aquela instituição.
Não concluímos, não o podemos fazer, encerramos essa pesquisa
compreendendo que é preciso conhecer o humano que habita o manicômio,
conhecer sua loucura e sua história é romper com o paradigma de que sãoapenas loucos e criminosos. Conhecer suas histórias é apostar na vida que
pulsa e que pode ser livre, livre da dor, da morte e do abandono.
Palavras-chave: Medida de Segurança; Inimputabilidade; Unidade de Custódia do ES