Tesis
Perfil de resistência a fluoroquinolonas e aminoglicosídeos em isolados clínicos de Mycobacterium tuberculosis
Autor
Pavan, Fernando Rogério [UNESP]
Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Institución
Resumen
Tuberculose (TB) é a doença infecciosa que mais mata pessoas no mundo e é causada principalmente pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis. Em 2016, 10,4 milhões de pessoas desenvolveram a doença e 1,8 milhão morreu em sua decorrência. Atualmente o principal agravante deste cenário é a resistência do bacilo aos antimicrobianos disponíveis para o tratamento. Entre os principais mecanismos responsáveis pela resistência aos antimicrobianos, as mutações em genes que codificam dos alvos dos fármacos se destacam. Fluoroquinolonas e aminoglicosídeos são duas classes de antimicrobianos de 2ª linha utilizados no tratamento de TB e atuam na proteína DNA girase e no ribossomo bacteriano impedindo o processo de transcrição e síntese proteica respectivamente. Mutações nos genes gyrA e rrs que codificam estes alvos podem ser responsáveis por tal resistência. Para que medidas de saúde pública possam ser tomadas para otimizar o tratamento, é preciso conhecer a que os isolados clínicos são resistentes e qual o mecanismo envolvido neste processo. Para isso, uma biblioteca com 100 isolados clínicos coletados entre 2007 e 2009 no hospital de referência Clemente Ferreira da cidade de São Paulo foi avaliada em relação a resistência a fluoroquinolonas e aminoglicosídeos. A primeira etapa foi a determinação da concentração inibitória mínima (CIM) de três antibióticos da classe das fluoroquinolonas (ofloxacino, moxifloxacino e gatifloxacino) e três da classe dos aminoglicosídeos (amicacina, canamicina e estreptomicina) frente a 100 isolados clínicos utilizando um ensaio de microdiluição em placas de 96 poços. Conhecendo a CIM, os isolados clínicos resistentes a pelo menos um antimicrobiano foram selecionados para o estudo do possível mecanismo de resistência. Mutações nos genes gyrA e rrs que pudessem ser responsáveis por tal resistência foram pesquisadas utilizando o kit GenoType MTBDRsl. Observou-se que 31% (31/100) destas cepas foi resistente a pelo menos um aminoglicosídeo testado, 22% (22/100) a pelo menos uma fluoroquinolona e 10%(10/100) delas são XDR-TB (resistente a rifampicina, isoniazida e pelo menos uma fluoroquinolona e um aminoglicosídeo). O kit detectou mutações em 61,3% (19/31) dos resistentes a aminoglicosídeos e 59,1% (13/22) dos resistentes a fluoroquinolonas. Estes resultados indicam que além das 2 mutações avaliadas no gene rrs e das 6 mutações no gene gyrA outros mecanismos de resistência podem estar envolvidos e devem ser analisados para ampliar a compreensão sobre a resistência a aminoglicosídeos e fluoroquinolonas nesta biblioteca.