doctoralThesis
Relações raciais no protestantismo recifense
Registro en:
Maria De Aquino, Rosa; Mauro Cortez Motta, Roberto. Relações raciais no protestantismo recifense. 2006. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2006.
Autor
Maria De Aquino, Rosa
Institución
Resumen
Identificar discriminação racial nas relações sociais de três igrejas protestantes
representantes das categorias histórica, pentecostal e neo-pentecostal, na cidade do Recife,
constituiu o objetivo inicial desta pesquisa. Ao longo do trabalho fixei-me especialmente na
igreja de caráter neo-pentecostal, a Igreja Internacional da Graça de Deus. No fenótipo que
se observa entre os fiéis partícipes ou não da hierarquia dessa Igreja caracteriza-se
primeiro por uma hegemônica pardização, depois por uma presença marcante de negros e por
último por uma ínfima quantidade de brancos. Entre os interlocutores com quem mantive
contatos, nega-se ora com vigor ora com indiferença, a existência de qualquer ação
discriminatória. Percebi, apesar disso, a sutil presença de um comportamento que indica a
preocupação com aspectos discriminatórios, fruto de um construto social que não se fixa
necessariamente nos fenótipos. Quero com isso dizer que não me passam despercebidas frases
como a de uma Obreira que disse Sou negra e linda e onde piso, não deixo rastro e nem os
cabelos artificialmente alisados de algumas Obreiras para se adaptarem ao padrão estético
estabelecido pela igreja. Nota-se que isto aparentemente não se configura um problema para o
cotidiano daquelas pessoas. Pelo contrário, sentem-se completamente integradas à sua igreja e
afirmam que hoje se acham mais bonitas por serem filhas do Rei. Não obstante, o que
constato com mais vigor é outro tipo de discriminação. Ele se refere às origens religiosas dos
integrantes dessa igreja que são oriundos direta ou indiretamente das religiões afro-brasileiras:
xangô, umbanda, jurema. Ou do espiritismo. Todos que assim se identificam, abominam
essa fase de sua vida. Associam-na a momento de trevas, de erros, de pecados. Por outro lado,
as prédicas pastorais reforçam essa recusa. Nelas os Pastores freqüentemente recorrem ao
exorcismo, principalmente daquilo que consideram ameaçador e que intitulam de inimigo,
capeta, tranca-ruas, pomba-gira, Exu, omulu etc. Expressam, assim, algumas afinidades
eletivas com entidades presentes no panteão ou no imaginário das religiões afro-brasileiras