Tesis
Caracterização das manifestações neuropsicolingísticas em crianças com epilepsia rolândica
Characterization of neuropsychological manifestations in children with rolandic epilepsy
Registro en:
Autor
Oliveira, Ecila Paula dos Mesquita de
Institución
Resumen
Orientador: Marilisa Mantovani Guerreiro Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas Resumo: A epilepsia benigna da infância com pontas centrotemporais (rolândica) é a forma mais freqüente de epilepsia na infância. Esta síndrome epiléptica é classificada como sendo genética, idade-dependente e de evolução benigna. Apesar do prognóstico da epilepsia ser excelente, evidências recentes indicam que a epilepsia rolândica não é condição tão benigna, pois déficits cognitivos específicos podem ocorrer nesses pacientes. O objetivo desse estudo foi identificar a existência de alterações de linguagem em crianças com epilepsia rolândica e caracterizá-las, comparando a um grupo controle. O estudo incluiu 62 sujeitos durante o período de março de 2007 a dezembro de 2009. As crianças e adolescentes eram de ambos os gêneros (58% de meninos) e faixa etária de 7 a 15 anos e 11 meses (média de idade de 10,5 anos), e foram divididos em dois grupos: 31 pacientes consecutivos com diagnóstico clínico e eletrencefalográfico de epilepsia rolândica (grupo A) e 31 sujeitos do grupo controle (grupo C), sem queixas neurológicas, e pareados por
sexo, idade e nível socio-econômico. Os dois grupos foram submetidos à avaliação neuropsicológica e fonoaudiológica, utilizando-se extensa bateria de testes. Os achados foram categorizados em: a) dislexia, a qual caracteriza-se por dificuldades na consciência fonológica, no reconhecimento e fluência na decodificação e soletração e desempenho ruim na memória verbal de curto prazo; b) outras dificuldades, caracterizam-se por dificuldades leves a moderadas que podem causar prejuízo na linguagem oral, escrita e conseqüentemente no aprendizado escolar, porém não caracterizam dislexia; e, c) sem dificuldades. Os resultados foram comparados e analisados estatisticamente. Os nossos dados mostraram que dislexia ocorreu em 19,4% e outras dificuldades em 74,2% dos nossos pacientes, sendo essas diferenças estatisticamente significantes quando comparadas ao grupo controle (p = 0,001). Os nossos achados também nos permitiram observar que: epilepsia rolândica pode não ter em seu quadro clínico a presença de alterações práxicas; crianças com epilepsia rolândica apresentaram maior incidência de outras dificuldades de linguagem escrita que podem prejudicar o desempenho escolar quando comparadas com crianças do grupo controle; a presença de atividade epileptiforme e o tipo de tratamento administrado interferiram na incidência de outras dificuldades nas crianças com epilepsia rolândica; a freqüência das crises, idade de início e tipo de crises não interferiram na incidência de dislexia nem de outras dificuldades nas crianças com epilepsia rolândica. Assim, concluímos que, crianças com epilepsia rolândica podem apresentar alterações de linguagem oral e escrita e essas alterações podem ser classificadas como dislexia Abstract: Benign childhood epilepsy with centro-temporal spikes (rolandic epilepsy) is the most frequent form of epilepsy in childhood. This epileptic syndrome is usually idiopathic, age-dependent, and has benign evolution. Despite the good prognosis in relation to the seizures, recent evidence show that rolandic epilepsy is not so benign, since specific cognitive deficits may occur in those patients. The aim of this study was to verify if language disorder occurs in patients with rolandic epilepsy, and if yes, we aimed to characterize the deficits, comparing the performance of our patients with a control group. We evaluated 62 subjects between March 2007 to December 2009. Children of both
gender, aging from 7 to 15 years 11 months were seen. They were divided into two subgroups: 31 consecutive patients with clinical and eletrectroencephalographic findings suggestive of rolandic epilepsy (affected group = group A) and 31 subjects of control group (group C), without any neurological complaint, and matched with group A by sex, age and socio-economic level. Both groups underwent extensive neuropsychological and phonological assessments. Our findings were categorized as: a) dyslexia, characterized by difficulties in phonological awareness, recognition and fluency in decoding and spelling (reading and writing) and poor performance in short-term verbal memory; b) other difficulties, characterized by mild to moderate difficulties that may cause impairment in oral language, writing, and consequently in school learning, but do not fulfill diagnostic criteria for dyslexia.; and, c) without difficulties. Our results were compared and statistically analyzed. Our data showed that dyslexia occurred in 19,4% and other difficulties in 74,2% of our patients, and this was highly significant when compared with the control group (p = 0.001). Our findings also pointed to the following observations: comorbidity between rolandic epilepsy and speech praxis deficit may not be present; children with rolandic epilepsy may have more writing difficulties than control group; epileptiform discharges and treatment were correlated with other difficulties in patients with rolandic epilepsy; seizure frequency, age of onset and seizure type were neither correlated with dyslexia nor with other difficulties in our patients. To conclude, our data showed that children with rolandic epilepsy may present with oral and written language disturbances that may be classified as dyslexia Doutorado Ciencias Biomedicas Doutor em Ciencias Medicas